terça-feira, abril 29, 2014

PROPOSTA - PARTE 95 E 96 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


95 – Cada um de nós é seu próprio demônio e faz deste mundo um inferno.
O Budismo nos recorda que o que chamamos de realidade é de fato uma versão dela, vista através de nossos filtros. Assim, se uma pessoa encara o mundo sob o véu da desconfiança, tudo sempre lhe parece suspeito e imprevisível. Da mesma forma, aquele que espera o desprezo do vizinho acaba por ser de fato desprezado, porque se dispõe a receber esse tipo de reação negativa.
Mas, assim como temos a capacidade de reproduzir nosso inferno pessoal fora de nós, também podemos colocar um filtro positivo entre nós e a realidade.
Se encararmos os outros com amor e confiança, obteremos respostas positivas. Dentro de uma empresa, por exemplo, essa lei funcionaria assim:“Trate-me como um funcionário de quinta categoria e eu me comportarei como um funcionário de quinta categoria. Trate-me como um funcionário excelente e eu me comportarei como um funcionário excelente.”
Em boa parte, somos o que as pessoas esperam de nós. E elas acabam sendo o que esperamos que sejam. Portanto, vale a pena oferecer-lhes um espelho que mostre não só o que são, mas também o que podem vir a ser.

96 – A arte nunca deve tentar ser popular. O público é que deve tentar ser artístico.
O valor de qualquer objeto artístico é aquele que alguém lhe atribui. John Carey, professor da Universidade de Oxford, afirma: “Obra de arte é qualquer coisa que uma pessoa tenha considerado assim alguma vez, ainda que o seja somente para ela.”
O fato de muita gente adorar a Mona Lisa não significa que uma pessoa que prefira os quadros do pintor de seu bairro esteja errada. Não existe uma avaliação objetiva que comprove que a obra de Da Vinci, seja melhor. Não há leis estéticas universais, válidas para todas as culturas. No Ocidente, por exemplo, a originalidade e o espírito transgressor do artista são muito valorizados. Em contraposição, para a cultura oriental, o que tem valor é a tradição.
Em última análise, importam o caráter genuíno da obra e a sensação de quem a contempla. Para desfrutar esse tipo de beleza, Oscar Wilde recomendava manter-se alerta e não ficar condicionado aos gostos da maioria – encontrar-se na arte. Se atribuirmos valor à nossa vida e a moldarmos segundo nossos anseios, poderemos torná-la uma obra de arte. 

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