terça-feira, abril 01, 2014

PROPOSTA - PARTE 63 E 64 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS

63 – A vida não é complicada, nós é que somos. A vida é simples e o simples é sempre correto.
Pascal nos aconselhava a não sairmos do nosso quarto se quiséssemos ser felizes. Ao mesmo tempo que o contato com o mundo oferece aprendizados e prazeres, também leva a desencontros e incompreensões. Seja como for, no final, sempre saímos à rua – e lá as coisas não são tão fáceis. Sempre ocorrem imprevistos que põem à prova nossos nervos e nossa capacidade de agir com objetividade e sem dificultar ainda mais as coisas.
Nossa tendência a criar obstáculos nos leva a complicar tudo. Entretanto, como nos lembra Oscar Wilde, a vida é muito mais singela do que imaginamos. Os problemas mais complexos costumam ter as soluções mais simples. Um dos segredos da felicidade é não permitir que sua mente dificulte o que é fácil.

64 – Definir é limitar.
A máxima bíblica “Não julguem e vocês não serão julgados” nos lembra que, diferentemente do olhar divino, o nosso não é onipresente e, portanto, não nos capacita a emitir julgamentos justos. Só quem vê a realidade como um todo pode compreender e avaliar os atos dos outros. As próprias Escrituras nos advertem de que a pessoa que tem uma viga no olho não deveria julgar o cisco no do irmão.
Contudo, julgar é uma atitude inerente ao ser humano. Quando somos apresentados a alguém ou presenciamos um acontecimento, inevitavelmente emitimos um juízo de valor. Saber o que pensamos sobre alguém ou alguma coisa nos proporciona segurança e nos permite conduzir nossas reações (em hebraico, a origem do termo “julgar” é justamente “dirigir” ou “guiar”).
Ao qualificarmos uma pessoa de honesta ou corrupta, valiosa ou dispensável, na realidade estamos decidindo como iremos nos relacionar com ela. Da mesma forma, quando consideramos que determinada situação é perigosa, nossa reação a ela é condicionada por essa opinião. Portanto, julgar nos proporciona a sensação de estarmos pisando em terreno firme. Ao mesmo tempo, porém, pode nos afastar do mundo. A partir do momento em que rotulamos algo, deixamos de observar o que acontece e passamos a nos fixar somente na etiqueta.

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