terça-feira, abril 01, 2014

PROPOSTA - PARTE 65 E 66 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


65 – O fato de um homem morrer por uma causa não diz nada a respeito do valor dela.
Dizem que um preso da penitenciária de O’Mare, na Irlanda, pediu um prato de lagosta pouco antes de ir para a cadeira elétrica. Os carcereiros lhe perguntaram por que ele havia pedido aquele prato. Ele respondeu que era o mesmo que James Cagney tinha escolhido no filme Heróis esquecidos , ao saber que morreria.
Conheci um senhor que apreciava muito a cazalla, uma aguardente fortíssima fabricada em Cazalla de la Sierra, vilarejo da província de Sevilha. Quando ele morreu, foi uma grande tristeza para a família. Igualmente triste, porém, foi o fato de, apesar de ter bebido durante mais de 60 anos e, no fim, morrido de cirrose, ele jamais ter desfrutado um bom vinho ou um bom licor.
Quanto a mim, bebo uísque desde minha juventude e acho que não teria nada a reclamar se amanhã mesmo chegasse a minha hora. Já que vamos mesmo morrer, que ao menos seja com o sabor que escolhermos na boca ou deixando um registro póstumo que diga claramente:
Até em nosso último instante, soubemos estar à altura do grande papel que nos foi atribuído neste “conto narrado por um idiota”, como William Shakespeare descrevia a vida.
66 – O tolo nunca se recupera de um sucesso.
Quando um sucesso nos sobe à cabeça, corremos o risco de perder... a própria cabeça. Isso acontece por sermos jovens demais, ou imprudentes demais, ou por sentirmos necessidade de fortalecer nossa autoestima. Ou ainda, simplesmente, por estarmos há muito tempo esperando que algo assim aconteça e não querermos deixar que acabe.
Andy Warhol dizia que, mais cedo ou mais tarde, a fama chega para qualquer pessoa, mas dura apenas 15 minutos. O sucesso é tão fácil e tão complicado quanto ganhar na loteria: há quem consiga logo na primeira tentativa e quem jamais receba um centavo, apesar de jogar sempre. Na loteria, o que vale é o acaso; no sucesso profissional, valem a persistência e o talento. Muitos talentos são desperdiçados por falta de persistência, assim como muitas pessoas se esforçam em atividades para as quais não foram feitas.
Seja como for, a diferença entre o sucesso tolo e o inteligente é que o primeiro só acontece uma vez, é fruto do acaso e passageiro, enquanto o segundo pode se repetir sempre, porque é resultado da atitude pessoal.

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