sexta-feira, setembro 05, 2014

NIETZSCH PARA ESTRESSADOS DE ALLAN PERCY - PARTE 22 E 23



22 – Os maiores êxitos não são os que fazem mais ruído e sim nossas horas mais silenciosas

Como diz um dos poemas mais célebres do taoísmo, no silêncio e no vazio todas as coisas estão presentes em potencial. A mente é como um copo: antes de enchê-la, devemos esvaziá-la. Do vazio e do não ser surge a criatividade.
Uma das histórias da tradição taoísta fala da dificuldade que temos em viver além do ruído das palavras.
Num templo distante, erguido nas montanhas do Japão, quatro monges decidiram fazer um retiro que exigia silêncio absoluto. O frio era intenso e, quando uma onda de ar gelado entrou no templo, o monge mais jovem disse:
– A vela se apagou!
– Por que você está falando? – repreendeu o monge mais idoso.
– Estamos fazendo uma cura pelo silêncio!
– Não entendo por que vocês estão falando em vez de calarem a boca, como foi combinado! – gritou o terceiro monge, indignado.
– Eu sou o único que não disse nada! – declarou, satisfeito, o quarto monge.

23 – O indivíduo sempre lutou para não ser absorvido por sua tribo. Se fizer isso, você se verá sozinho com frequência e, às vezes, assustado. Mas o privilégio de ser você mesmo não tem preço

Os verdadeiros desbravadores devem estar sempre dispostos a percorrer sozinhos boa parte do caminho. Na vida, existem momentos para se andar em grupo – na escola ou na universidade, entre amigos, com seu parceiro – e momentos em que o indivíduo precisa ser capaz de tomar o próprio rumo no bosque das decisões.
Quando passamos sozinhos por um trecho crucial, sentimos medo, pois temos que carregar toda a responsabilidade pelos nossos atos. Não há ninguém por perto a quem possamos culpar se algo der errado. E, no entanto, também nos sentimos cheios de coragem.
Alguns viajantes comentam a sensação de força que experimenta aquele que se separa do grupo. Enquanto está com os demais, sua vontade se dilui. Mas, quando toma as próprias decisões, em silêncio, ele se sente senhor do seu destino. De repente, percebe que está extraordinariamente atento ao que acontece ao redor.
Em algum momento você terá medo, mas a consciência de sua própria força será compensadora. Como dizia Nietzsche: “Ser independente é para poucos. É um privilégio dos fortes.”

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