quarta-feira, fevereiro 26, 2014

PROPOSTA - PARTE 29 E 30 - DE ALLAN PERCY DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS

29 – Trabalho é aquilo que as pessoas fazem quando não têm nada para fazer.
As condições adversas do mercado fazem com que haja cada vez mais pessoas com mais de um emprego ou que precisam continuar em casa suas jornadas de trabalho.
Mesmo nos cargos de alta responsabilidade é comum levar tarefas para casa, que às vezes se torna um prolongamento do escritório. Para quem ainda não pode se livrar desse meio de sobrevivência que tanto incomodava Oscar Wilde, aqui vão alguns conselhos para encontrar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal:
·        Estabelecer limites de horário. Ainda que nos vejamos obrigados a trabalhar em casa, é importante fixar – e respeitar – um período para o lazer e a família.
·        Separar espaços. Se você trabalha em casa e não dispõe de um cômodo para isso, restrinja o espaço profissional a um ambiente apenas e não permita que problemas do trabalho saiam dali para aterrissar na sala de estar, na de jantar ou – pior ainda – no quarto.
·        O hábito faz o monge. É importante ter um traje para o horário de trabalho e outro, mais confortável, para o tempo livre. O corpo relaciona a mudança de roupa às fases de obrigação e de descanso. 

30 – A vantagem de brincar com fogo é aprender a não se queimar.
Pode-se ter medo de tudo, menos do próprio medo. Se nos dispusermos a encarar nossos temores, acabaremos por controlá-los. É por esse motivo que os psicólogos comportamentais recomendam a exposição progressiva àquilo que se teme. Evitar as angústias leva ao efeito contrário: o medo é reforçado e pode trazer outros consigo.
Já que é difícil desfrutar o prazer de viver quando transformamos nosso dia a dia em um campo minado, aqui vão alguns conselhos para desarmar os medos:
Primeiro, avalie se eles têm uma base racional – isto é, se são fundamentados – ou se não passam de temores nascidos na sua própria mente. Em se tratando de um medo fundamentado – por exemplo, uma crise financeira –, pergunte-se se sua reação está sendo proporcional à situação e, mais importante ainda, se seu alarme tem alguma utilidade prática.

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

PROPOSTA - PARTE 27 E 28 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


        Foto de Casarão em Laguna - No click da Profª.Cleide Tamanini Bogo

27 – Nós devíamos simpatizar com a alegria. Quanto menos falarmos das chagas da vida, melhor.
O sociólogo francês Guy Sorman define o medo da vida e do futuro como um dos grandes obstáculos que nos impedem de aproveitar os prazeres da vida. Quando focamos as alegrias do presente, nossos sentimentos e nossa consciência se conectam ao bem-estar do momento e o futuro se apresenta leve diante de nós.
Em contraposição, as pessoas que veem apenas o lado sombrio de tudo acabam não só amargurando seu presente como também prognosticando desgraças. Suas expectativas condicionam seus atos, que fazem do futuro exatamente aquilo que haviam previsto. Esse ciclo é conhecido como “profecia autorrealizável”. Sorman a explica citando uma das obras mais célebres de Shakespeare:
Macbeth é um fiel súdito de seu rei. Um dia, lhe predizem que ele está destinado a governar a nação. Quando o homem conta a profecia à esposa, desperta sua ambição, que desencadeará a tragédia. Estando o rei hospedado em sua casa, a mulher convence Macbeth a assassiná-lo. Já coroado, lhe é revelada outra profecia: quem o sucederá no trono será seu filho ou o de um amigo. Shakespeare então fará com que tudo flua em direção ao sangrento final predito, que não aconteceria se ninguém houvesse acreditado nele e agido de forma a torná-lo possível.
 Muitas tragédias têm origem numa profecia autorrealizável que nos condiciona e limita nossa liberdade de ação.

28 – A tragédia da velhice não consiste em ser velho, mas em ter sido jovem.
O retrato de Dorian Gray, provavelmente a obra-prima de Wilde, tem como protagonista um belo jovem cujo retrato emoldurado envelhece, ao passo que ele mesmo permanece intocado pela ação do tempo. Aos poucos, o quadro começa a refletir a decadência física e moral de Dorian.
Esfregou os olhos, aproximou-se do quadro e o examinou de novo. Não havia sinais de nenhuma mudança, no entanto não havia dúvida de que a expressão se alterara. Não era apenas impressão sua. Estava terrivelmente óbvio. Afundou na poltrona e começou a pensar. De repente, veio-lhe à mente o que tinha dito no ateliê de Basil Hallward no dia em que o quadro fora concluído. Lembrava-se perfeitamente. Havia expressado seu desejo doentio de que ele mesmo pudesse continuar jovem e de que o quadro envelhecesse; de que sua beleza permanecesse inalterada e de que seu rosto na tela suportasse a carga de suas paixões e pecados; de que a imagem pintada carregasse os traços do sofrimento e do pensamento e de que ele mantivesse o frescor e o encanto quase conscientes de sua adolescência. Seu desejo não poderia ter se cumprido... Coisas assim são impossíveis. Pensar nisso já era uma monstruosidade. No entanto, ali estava o quadro à sua  frente, com um toque de crueldade na boca.
No final, apesar de vivermos num mundo em que tanto se busca a juventude eterna, como na história de Dorian Gray, continua sendo pior esconder que simplesmente aceitar a idade.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

CALENDÁRIOS DA CRAVIL - COOPER JOVEM PARA OS ALUNOS DO 4º. AO 5º.ANO - VESPERTINO







CALENDÁRIOS DA CRAVIL- PROGRAMA COOPER JOVEM, PARA ALUNOS DO 4º. AO 5º.ANO DA EEB."LUIZ BERTLOI"






PROPOSTA - PARTE 25 E 26 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


25 – Quando me acontece pensar à noite em meus defeitos, adormeço imediatamente.
O pintor Eugène Delacroix dizia que o artista que busca a perfeição em tudo não a consegue em nada. Com frequência, o afã pelo perfeccionismo chega a se tornar um pretexto para ficarmos de braços cruzados – como não podemos fazer algo irretocável, simplesmente não o fazemos.
Aceitar a própria imperfeição, ao contrário, nos humaniza e nos mostra um caminho a percorrer.
A fixação por sermos perfeitos pode nos tornar mais imperfeitos, até. As pessoas perfeccionistas demais costumam cair na armadilha do próprio nível de exigência e ficar bloqueadas. E isso por um motivo muito claro: a perfeição é um ideal inalcançável, do qual podemos apenas tentar nos aproximar.
Quando aceitamos algo como um desafio pessoal, nos aplicamos em obter os melhores resultados e os aceitamos sem frustração, temos o prazer de apreciar nosso progresso. Da mesma forma, se estivermos conscientes de nossos defeitos, poderemos dedicar um mês a cada um deles, traçando estratégias para vencê-los.
Nunca seremos perfeitos, mas podemos ser melhores.

26 – Adoro os prazeres simples. Eles são o último refúgio dos homens complicados.
Em seu livro O primeiro gole da cerveja e outros minúsculos prazeres, Philippe Delerm, cuja obra foi rejeitada por editoras durante sete anos, fala de situações do bem viver tão simples como...
·                   pedalar sem pressa numa bicicleta
·                   estar na escuridão de um cinema numa tarde de domingo
·                   ir colher amoras no campo
·                   folhear um romance na praia
·                   pôr um casaco de lã quando as primeiras friagens chegam
·                   distrair-se com um caleidoscópio
Os “homens complicados” de que Wilde fala não sabem aproveitar esses prazeres, porque esperam da vida grandes acontecimentos que nunca irão chegar.
Há muitas terapias ao nosso alcance: revirar o passado, fazer ioga ou meditação, usar medicamentos... mas, se não soubermos celebrar as pequenas alegrias cotidianas, nunca conseguiremos perceber de fato os prazeres da vida.

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

PROPOSTA - PARTE 23 E 24 - DE ALLAN PERCY DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


23 – Fazer parte da sociedade é uma amolação, mas estar excluído dela é uma tragédia.
Assim como Daniel Goleman se dedicou ao estudo da inteligência emocional,  Karl Albrecht se debruçou sobre a inteligência social. Em seus trabalhos, ele distingue dois tipos de conduta, segundo a resposta que causam:
COMPORTAMENTOS TÓXICOS são atitudes nossas que fazem com que os outros se sintam desvalorizados, inadequados, intimidados, furiosos, frustrados ou culpados.
COMPORTAMENTOS NUTRITIVOS são os que permitem que os outros se sintam valorizados, capazes, queridos, respeitados e apreciados por nós.
Albrecht descreve ainda as cinco habilidades que caracterizam a inteligência social:
·        Ser capaz de entender as pessoas e seus sentimentos em diferentes situações.
·        Ser acessível, transmitir proximidade, confiança e amabilidade.
·        Ser sincero consigo mesmo e com os outros, pois quem é fiel a si mesmo ganha o respeito dos demais.
·        Saber expressar claramente os próprios pensamentos, opiniões, ideias e intenções.
·        Ser capaz de conectar-se com o outro, de harmonizar pensamentos e sentimentos nas relações interpessoais.


24 – Se for dizer a verdade aos outros, faça-os rir, do contrário eles o matarão.
Essa citação do conto “O rouxinol e a rosa” destaca a importância do humor ao se transmitirem “notícias difíceis”, inclusive quando se trata de uma conversa interior.
Groucho Marx resumia o humor com uma fórmula simples: tragédia + tempo = comédia. É comum que um acontecimento aparentemente trágico se torne engraçado quando contemplado tempos depois. O segredo do humorista é adiantar-se: ele torna a tragédia imediatamente risível.
Em sua obra El Buda de la Risa , o escritor Mario Satz, um dos pioneiros na terapia do riso, apresenta uma lei que nos leva a refletir: “Um menino ri menos do que um bebê; um adolescente, menos do que um menino; um adulto, menos do que um adolescente; um ancião, menos do que um adulto.”
Então quer dizer que envelhecemos quando perdemos a capacidade de rir? Muito provavelmente.
Centro de muitas polêmicas, Oscar Wilde não perdia uma oportunidade de rir das misérias humanas, inclusive das dele. Talvez por isso tenha sabido manter um espírito jovem e rebelde até o fim de seus dias.

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

PROPOSTA - PARTE 21 E 22 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


21 – A única diferença que existe entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais.
Não é preciso pertencer à realeza nem ser um intelectual excêntrico como Oscar Wilde para sair da rotina e proporcionar-se alguns caprichos de vez em quando. Desfrutar bons momentos depende apenas de ter bom gosto e saber distinguir as oportunidades, tais como:
·        Assistir a um filme na primeira sessão, com a sala do cinema praticamente vazia.
·        Escolher um livro de culinária e preparar pratos exóticos para amigos queridos que não vê há tempos.
·        Dar-se ao luxo de ler um livro que nunca esteve e provavelmente jamais chegue à lista de mais vendidos.
·        Tocar um instrumento que não dominamos, pelo simples prazer de experimentar.
·        Escrever um poema e enviá-lo por e-mail à pessoa que o inspirou.
·        Dormir num horário em que a maior parte das pessoas está acordada.
·                  Passar a noite assistindo a filmes antigos.
·                 Improvisar ao menos uma vez.

22 – Como não foi genial, não teve inimigos.
A escritora Care Santos comentou certa vez que alguém que chegue aos 30 anos sem alguns bons inimigos é uma pessoa digna de piedade, pois isso significa que ela não conseguiu nada na vida.
Com uma perspectiva bastante diferente dessa, mas que a complementa, o budismo nos ensina que o inimigo é nosso melhor mestre. Assim disse o Dalai-Lama:
Nunca devemos usar nossos inimigos como desculpa para não praticarmos a calma, nem dizer que eles são a causa de nossa irritação. Se não estamos sendo pacientes é porque não estamos praticando com afinco. Não podemos dizer que o mendigo é um obstáculo à generosidade, já que é justamente sua razão de ser. Por outro lado, as pessoas que nos irritam e põem nossa paciência à prova são relativamente poucas. E, para exercitarmos a paciência, precisamos de alguém que nos ofenda. Encontrar um verdadeiro inimigo é tão incomum que deveríamos nos alegrar por tê-lo e apreciar os benefícios que ele nos oferece. Ele é digno de respeito pelo simples fato de nos permitir praticar a paciência e merece ser o primeiro a receber os méritos daquilo que nos possibilita alcançar.
Ecoando essas palavras, o poeta Khalil Gibran assegurava ter aprendido“o silêncio com o falastrão, a tolerância com o intolerante e a amabilidade com o grosseiro”. Portanto, que esses mestres sejam bem-vindos.