quarta-feira, dezembro 17, 2014

JESUS , É O ANIVERSARIANTE!!! - " MEU ANIVERSÁRIO ESTE ANO "



Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, 
e o principado está sobre os seus ombros, 
e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, 
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

                                                                  (Isaías 9:6).





  • 1. MEU ANIVERSÁRIO ESTE ANO
  • 2. Como você sabe, está chegando novamente a data de meu aniversário. Todos os anos fazem festa em minha honra e creio que este ano acontecerá a mesma coisa. Nesses dias as pessoas fazem muitas compras. O rádio e a TV fazem centenas de anúncios. Por todo canto não se fala de outra coisa a não ser dos preparativos para o grande dia.
  • 3. É bom saber que ao menos um dia por ano algumas pessoas pensam um pouco em mim. Como você sabe, há muitos anos começaram a festejar meu aniversário. No começo, pareciam compreender e agradecer o que fiz por eles, mas HOJE em dia, ninguém sabe por que razão o celebram. As pessoas se reúnem e se divertem muito, mas não sabem do que se trata...
  • 4. Estou me lembrando do ano passado: ao chegar o dia do meu aniversário, fizeram uma grande festa em minha honra. Havia coisas deliciosas na mesa, tudo estava decorado e havia muitos presentes... mas sabe de uma coisa? Não me convidaram! Eu era o convidado de honra e ninguém se lembrou de me convidar! A festa era para mim e quando chegou o grande dia, fecharam a porta na minha cara. Bem que eu queria partilhar a mesa com eles...
  • 5. A verdade não me surpreendeu porque, nos últimos anos, muitos me fecham a porta. Como não me convidaram, ocorreu-me entrar sem fazer ruído. Entrei e fiquei num cantinho. Estavam todos brindando, alguns já estavam embriagados, contando piadas, rindo, divertindo-se. Aí chegou um VELHO GORDO, VESTIDO DE VERMELHO, COM BARBA BRANCA E GRITANDO: HO! HO! HO!. Parecia ter bebido demais... Deixou-se cair pesadamente numa cadeira e todos correram para ele dizendo: Papai Noel! Papai Noel! – como se a festa fosse para ele!
  • 6. Quando chegou meia-noite, todos começaram a abraçar-se. Eu estendi meus braços esperando que alguém me abraçasse... Quer saber? Ninguém me abraçou. De repente, todos começaram a entregar presentes. Um a um, os pacotes foram sendo abertos. Cheguei perto para ver se, por acaso, havia algum para mim – nada! O que você sentiria se no dia de seu aniversário todos se presenteassem e não dessem nenhum presente para você? Compreendi, então, que estava sobrando na festa... Saí sem fazer barulho, fechei a porta, fui embora...
  • 7. Cada ano que passa é pior: as pessoas só se lembram da ceia, dos presentes, das festas... De mim ninguém se lembra. Gostaria que, neste Natal, você me permitisse entrar na sua vida, reconhecendo que há mais de dois mil anos vim ao mundo para lhe dar minha vida na cruz e, assim, poder salvar você... Hoje só quero que acredites nisso com todo seu coração...
  • 8. Vou dizer-lhe uma coisa. Já que muitos não me convidam para a festa que fazem, vou fazer minha própria festa – uma festa grandiosa como ninguém jamais fez, uma festa espetacular. Estou nos últimos preparativos e expedindo os convites. Este é especial para você. Só quero que você me diga se quer vir: reservarei um lugar para você e incluirei seu nome na lista dos que confirmaram... Os que não aceitarem, ficarão de fora.
  • 9. Prepare-se porque quando tudo estiver pronto, quando menos se esperar, darei minha grande festa. Não se esqueça de enviar este convite também aos seus amigos...
  • 10. SOMENTE PARA OS AMIGOS ESPECIAIS
    • Assim como você é especial para mim, com certeza, há vários amigos que são especiais pra você. Desta maneira, vamos fazer uma festa com os “especiais”, afinal, “muitos serão os convidados mas poucos serão os escolhidos”, sabe por que? Porque poucos aceitarão o CONVITE!
  • terça-feira, dezembro 16, 2014

    segunda-feira, dezembro 15, 2014

    HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 23 E 24


    23 – Se um homem não tem nada para comer, o jejum é a coisa mais inteligente a fazer.

    Viktor Frankl dizia que “se não está em suas mãos mudar uma situação que lhe causa dor, você sempre poderá escolher a atitude com que enfrentará esse sofrimento”.
    A luta constante com a realidade nos esgota e nos deixa sem recursos. Há situações que não podemos mudar, por mais dolorosas que sejam, e por isso mesmo devemos adaptar nossas atitudes para não piorar as coisas.
    Em um trecho do romance de mesmo nome, Sidarta diz a Kamala que a única coisa que sabe fazer é pensar, esperar e jejuar. Ela lhe responde que isso não serve de nada. Mas não é verdade.
    A tensão com que vivemos faz com que não demonstremos gratidão por aquilo que temos. Esperamos que as mudanças aconteçam com rapidez e nos sentimos frustrados quando as coisas não saem como planejamos. É necessário ter paciência para suportar os momentos difíceis da vida. Se nos aborrecermos com o mundo, só iremos acrescentar amargura e insatisfação ao problema.
    O jardineiro da alma deve se planejar: Que posso fazer de útil para resolver essa situação? Responder a essa pergunta é muito mais importante do que maldizer a vida e lamentar a própria sorte.
    Quando falta energia, ficamos chateados e queremos que ela volte logo, mas ninguém se lembra de agradecer quando, a cada dia, ligamos o interruptor e a luz se acende ou um aparelho é ligado. Um apagão deveria servir justamente para mostrar a importância da luz, do mesmo modo que uma doença deveria nos ensinar a dar valor à saúde.
    É preciso viver de vez em quando a escuridão para aprender a amar a luz.
    Aceitar a situação e extrair dela ensinamento é o melhor que podemos fazer nos momentos de crise. Se nos limitamos a exigir que a situação mude, não faremos nada além de aumentar o problema, pois à dificuldade exterior acrescentamos uma interior: o acúmulo de emoções negativas.

    24 – A verdade se vive, não se ensina.

    Quando o protagonista de Sidarta se encontra cara a cara com o Buda, ele diz estas palavras: “(…) não duvidei nem por um só instante de que o senhor fosse o Buda e houvesse alcançado a meta suprema a que aspiram tantos milhares de brâmanes e filhos de brâmanes. Conseguiu se libertar da morte. E obteve esta liberação, produto das buscas que culminou em seu próprio caminho, através do pensamento, da meditação, do conhecimento e da iluminação. Não através de uma doutrina! Em minha opinião, oh Sublime, ninguém alcança a liberdade através de uma doutrina. Ninguém, oh Venerável, poderá comunicar-lhe com palavras e mediante uma doutrina o que lhe aconteceu no mesmo instante de sua iluminação!”
    Sidarta não nega que Buda tenha encontrado sua verdade; o que ele coloca em dúvida é se essa verdade pode ser transmitida através de uma doutrina. Buda não imitou ninguém, nem seguiu ideias de outros; simplesmente aprendeu por si mesmo. Daí emana a verdade.
    A busca da verdade é tão antiga quanto o ser humano, e foi nosso motor desde a aurora dos tempos. Se não experimentarmos isso por nós mesmos, nunca chegaremos a nossas verdadeiras respostas.
    No conto “O deserto”, Pere Calders conta que um homem um dia viu como a vida lhe escapava. Quis pegá-la e conseguiu agarrá-la com a mão. Daquele dia em diante, não pôde fazer mais nada com medo de deixá-la escapar.
    O mesmo ocorre com a verdade. Quando nos dão um caminho no qual nos sentimos seguros, nos apegamos a ele. Deixamos de viver por nós mesmos para seguir algumas diretrizes, alguns ensinamentos que sabemos de cor. Se não nos atrevermos a liberar essas amarras, não chegaremos a saber o que é pensar em liberdade.
    A primeira presa de todo caçador da verdade deve ser ele próprio, seu autêntico eu. Ninguém pode nos ensinar quem somos. Devemos descobrir isso por nossos próprios meios. Ninguém pode viver nossa vida por nós. Cada um deve percorrer esse caminho com os próprios pés.
    Se só imitamos, se seguimos um discurso que não é o nosso, nunca desvendaremos o grande mistério da existência.
    Gandhi disse que a verdade “é totalmente interior. Não é preciso buscá-la fora de nós nem querer realizá-la lutando com violência contra inimigos exteriores”.
    Este livro também é apenas um conjunto de sinais e dicas para facilitar o caminho que cada peregrino traça livremente na busca de si mesmo.

    FIGURAS VINTAGE - NATAL





    sábado, dezembro 13, 2014

    HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 21 E 22


    21 – Nada faz tão bem nos momentos difíceis quanto se entregar à natureza, não de forma passiva, mas de forma criativa.

    A natureza nos acolhe sem fazer perguntas, sem nos julgar, e isso nos devolve a tranquilidade perdida e nos conecta com nosso centro espiritual. Há pessoas que vão ao rio para ouvir o som da água, porque dizem que isso as relaxa; outras vão caminhar no campo para esvaziar a mente das preocupações cotidianas ou se permitem apenas ficar em silêncio com pensamentos mais elevados sobre sua existência.
    Todo ser humano precisa retomar essa tranquilidade essencial, sair do mundo por alguns instantes e estar a sós consigo mesmo, confortado pela natureza. Também se pode entrar em contato com ela através do diálogo criativo. Por exemplo, por meio da jardinagem, uma atividade a que o próprio Hesse se entregou de corpo e alma durante boa parte da vida.
    A jardinagem é uma terapia muito poderosa para reduzir o estresse e a ansiedade. Em alguns centros de tratamento recomendam o cultivo da terra para pessoas com deficiência ou em processo de reabilitação.
    Ao cuidar do jardim, detemos o pensamento enquanto nossa atenção é voltada para a vida que se desenvolve diante dos nossos olhos. Aprendemos sobre as plantas, entramos em comunhão com elas e assumimos seu ritmo, sem exigências nem expectativas.
    Há estudos que indicam que o cuidado com as plantas eleva a autoestima, favorece o relaxamento e, sem dúvida, ajuda a obter um tônus físico melhor, tanto pelo exercício suave como pelo fato de estar ao ar livre.
    Por outro lado, cuidar de algo que não seja nós mesmos traz um grande benefício espiritual. Ajudamos a natureza a prosperar e de algum modo crescemos com ela, já que nos concentramos em um objetivo pequeno, concreto, onde a observação, e não a ação, é o mais importante.
    As plantas têm o seu ritmo, e a pessoa que cuida delas aprende a respeitá-lo e a integrá-lo em sua vida. Há muito o que aprender com um jardim em crescimento, pois seu estado e os cuidados que lhe dispensamos são um reflexo de nosso jardim interior. Talvez a lição seja simples assim: quem é capaz de cuidar de seu jardim também pode cuidar de si mesmo.

    22 – Para além dos opostos que compõem nosso mundo começam novos tipos de conhecimento.

    Um personagem emblemático de Demian, o misterioso Pistorius, é reflexo de um discípulo de C. G. Jung que visitou Hesse quando ele concebia o romance. Este organista interpreta os sonhos e transmite alguns ensinamentos em que ressoa a teoria junguiana dos arquétipos:
    “Cada um de nós contém o ser total do mundo, e, do mesmo modo que nosso corpo integra toda a trajetória da evolução, até o peixe e muito antes, levamos também na alma tudo o que desde o princípio viveu na alma dos homens. Todos os deuses e todos os demônios que já existiram, seja entre os gregos, os chineses ou os cafres, todos estão conosco, estão presentes, como possibilidades, desejos ou caminhos. Se toda a humanidade morresse com a única exceção de uma criança com capacidade intelectual mediana, esta criança sobrevivente voltaria a encontrar o curso das coisas e poderia criar tudo outra vez: deuses, demônios e paraísos, mandamentos e interdições, antigos e novos testamentos.”
    Essa memória ancestral é que faz com que haja elementos comuns em todas as culturas, até mesmo nas que não tiveram contato entre si.
    Do ponto de vista cotidiano, uma boa notícia: a memória coletiva é muito mais algo que nos une aos outros do que algo que nos separa. Saber que um suposto inimigo hospeda o mesmo inconsciente de sonhos e arquétipos que nós é um convite a rompermos a crosta dos mal-entendidos e darmos um passo rumo ao entendimento.

    quinta-feira, dezembro 11, 2014

    SOCIALIZAÇÃO - 3º. ANO - MAGISTÉRIO DA EEB.LUIZ BERTOLI - 2014








    SOCIALIZAÇÃO - 3º.ANO DO MAGISTÉRIO NA EEB."LUIZ BERTOLI" - 2014










    SOCIALIZAÇÃO DO 3º. MAGISTÉRIO DA EEB."LUIZ BERTOLI" - TAIÓ







    HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 19 E 20


    19 – Todas as crianças, enquanto ainda vivem o mistério, têm sempre a alma focada nas únicas coisas importantes: nelas mesmas e na secreta conjunção com o mundo que as rodeia.

    Desde a mais tenra idade, a criança tem, por um lado, capacidade de se surpreender, de descobrir, e, por outro, a necessidade de se autoafirmar, de expressar sua identidade em relação ao mundo.
    Erich Kästner, autor de literatura infanto-juvenil, dizia que “a maioria das pessoas abandona sua infância como um velho chapéu. Esquecem-se dela como um número de telefone que não serve mais. Antes eram crianças, depois se tornaram adultos, mas o que são agora? Só aquele que se torna adulto mas continua sendo criança é um ser humano”.
    É importante não esquecer essa parte de nós que não teme a descoberta, a revelação do mistério do que é possível ou impossível. Em cada adulto dorme uma criança que crê na magia do mundo e da vida. E a leva a sério porque, quando o menino brinca de ser pirata, está sendo realmente um pirata.
    No filme Em busca da Terra do Nunca, depois de assistir à peça de teatro, os adultos da sala olham para o pequeno Peter e dizem que ele é Peter Pan. No entanto, o menino responde: “Não, Peter Pan é ele”, e aponta para o senhor James Barrie, autor da obra.
    James Barrie sabia que os sonhos são o motor do mundo.
    Por isso, nunca perdeu sua capacidade de sonhar, de imaginar, deacreditar, de surpreender a si mesmo e aos outros. Não queria deixar de ser criança.
    Quando um adulto não está satisfeito consigo mesmo, deve se perguntar o que esqueceu no caminho. A resposta normalmente é que não cumpriu com o combinado.
    De vez em quando é recomendável olhar para trás e fazer uma lista do que queríamos fazer com nossa vida, reviver nossos sonhos de infância e juventude. Ao estabelecer o que já conseguimos e o que ainda estamos por fazer, nos damos conta de que renunciamos a muitos dos nossos sonhos talvez porque os julgássemos impossíveis, porque não nos considerávamos capazes de concluí-los ou porque tínhamos medo de realizá-los.
    O tempo é um grande aliado da inércia e da preguiça. Na fábula Momo, Michael Ende nos mostra um mundo no qual os adultos se esquecem das crianças, deixam de brincar com elas porque têm que trabalhar para ganhar tempo, sem se darem conta de que a única coisa que fazem é perder esse tempo e, com ele, a alegria.
    Voltar a olhar para o mundo com os olhos de uma criança nos permite reencontrar o ser mais verdadeiro que habita dentro de nós. Vale a pena mergulhar nessa fonte e abandonar por um momento as obrigações, tarefas e desculpas por trás das quais nos escondemos para não pensar em nossos sonhos não realizados.

    20 – O que possuímos não é visto, e muitas vezes não estamos conscientes disso.

    No romance Demian, o guru juvenil de mesmo nome se revela um mestre do poder mental e representa algo que  não está muito longe da lei da atração:
    “Quando um animal ou um homem orienta toda sua atenção e toda sua vontade a uma determinada coisa, acaba conseguindo-a… Se observarmos um homem com muita atenção, acabaremos por saber dele muito mais do que ele mesmo.”
    Embora a concentração não seja suficiente para que realizemos nossos próprios desejos, é verdade que a atenção é um primeiro passo para compreender profundamente algo e entendero que devemos fazer.
    Vejamos dois exemplos:
    Um conflito interpessoal. A maioria das discussões e brigas começa porque uma ou ambas as partes não estão conscientes do efeito de seus atos ou de suas palavras. A empatia, no fundo, não é nada mais do que um foco nítido sobre a situação e a necessidade do outro.
    Um projeto em curso. As possibilidades de sucesso dependem diretamente da atenção que estamos depositando em todos os detalhes: etapas a cumprir, possíveis obstáculos, planos B, ajudas com as quais podemos contar, etc.
    A atenção é o equivalente ao ponto de mira de uma arma de precisão. Se o foco está sujo ou não o utilizamos ao atirar, o mais provável é que erremos o tiro.

    quarta-feira, dezembro 10, 2014

    HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 17 E 18


    17 – Evoque o passado, evoque o futuro: ambos estão em você. Até hoje você foi escravo do seu interior. Aprenda a ser o seu senhor. Isto é magia.

    No capítulo anterior falamos do passado que guia nosso presente através de mestres e experiências. Outro guia do ser humano é o futuro que projetamos.
    Segundo o mapa que traçamos para nós, nosso presente se orienta de alguma forma. Por mais que alguns acreditem que não fazem planos, é impossível viver sem um norte. O passado é nossa herança, e o futuro, um horizonte que vamos desenhando dia após dia.
    Hesse apela à magia para ser “senhor” do passado e do futuro. Traduzindo essa ideia em ações práticas, isso implicaria:
    Fazer uma síntese do passado para diferenciar os acertos dos erros, aprendendo com os primeiros e evitando os segundos. Planejar o futuro de forma entusiasmada, mas realista, estabelecendo metas a curto, médio e longo prazos. Aproveitar o dia de hoje. Podemos estabelecer como objetivo diário fazer alguma coisa, uma única coisa todos os dias, que nos aproxime daquilo com que sonhamos. Isto é magia. 

    18 – Todo indivíduo deve alguma vez dar o passo que o afasta de seu pai, de seus mestres; todo indivíduo deve experimentar a dureza da solidão, apesar de a maioria das pessoas possuir pouca capacidade de resistência e voltar logo ao seu refúgio.

    Em geral, dizia Jiddu Krishnamurti, “aprendemos com o estudo, os livros, a experiência, ou quando nos educam. São os meios habituais de aprender. Aprendemos de
    cor o que devemos fazer, o que devemos pensar ou não pensar, como sentir, como reagir”.
    A educação nos dá conhecimentos específicos para passar numa prova; o que não significa que aprendemos o essencial para viver.
    Os pais nos educam em valores, em hábitos e também em ideias: as deles. Tanto os mestres quanto os pais têm certeza de seus ensinamentos. Só que mais cedo ou mais tarde devemos descobrir o que pensamos, qual é nossa visão das coisas e quais são as nossas prioridades.
    No momento em que nos desprendemos desse roteiro que nos ensinaram começa nosso caminho em direção à realização.
    Sem ter a quem seguir, a quem consultar, nos vemos obrigados a decidir e a nos definir. Nossa felicidade deixa de depender dos outros para ser responsabilidade nossa. E isso é ótimo.
    Deixamos de ser crianças, discípulos e nos separamos dos que nos conduziram até aqui. Já não somos mais um prolongamento de ideias alheias, conquistamos nossa liberdade.
    Krishnamurti assegura que “um homem dotado de conhecimentos, de ensinamentos, agoniado pelas coisas que aprendeu, jamais é livre. Pode ser extraordinariamente erudito, mas acúmulo de conhecimentos o impede de ser livre; portanto, é incapaz de aprender”.
    Livrar-se desse grande volume de informações que foram acumuladas durante toda a vida, libertar-se do que foi aprendido –mas não da capacidade de aprender – nos permite avançar.
    Embora seja mais cômodo seguir o caminho já pautado, nenhum ser humano se conhece profundamente até se equivocar por si mesmo.
    Em um célebre momento do filme Sociedade dos poetas mortos, o professor discursa aos seus alunos: “Todos necessitamos ser aceitos, mas devem entender que suas convicções são suas, pertencem a vocês (…), embora todo mundo diga que não é bem assim. Quero que encontrem o seu próprio caminho.”

    segunda-feira, dezembro 08, 2014

    HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 15 E 16



    15 – A escola não ensina as destrezas e habilidades que são imprescindíveis para a vida.

    Um livro publicado por Paul Arden, Não basta ser bom, é preciso querer ser bom, dedica um capítulo a uma pergunta surpreendente: por que os melhores da turma não triunfam?
    Este publicitário afirma que muitos alunos exemplares fracassam ao ingressar na vida adulta e não desempenham os trabalhos brilhantes que eram esperados, enquanto que garotos e garotas com resultados escolares medíocres acabam realizando grandes feitos. Por quê?
    Segundo Arden, na escola só se aprendem lições do passado, feitos já conhecidos. Quanto mais fatos são lembrados, melhores notas os alunos tiram. Os que fracassam na escola não estão interessados no passado, talvez porque pensem no futuro.
    Ou simplesmente não têm boa memória, o que não significa que não terão sucesso diante dos desafios que a vida colocará em seu caminho.
    Em Debaixo das rodas, Hesse aponta esta mesma questão:
    “Um professor de escola prefere alguns tantos burros em sua turma a um só garoto genial. E no fundo ele tem razão, porque seu dever não é formar espíritos extravagantes, mas bons latinistas, matemáticos e homens bem-sucedidos.”
    Afinal, a escola da vida é aquela que nos coloca à prova no dia a dia, e precisamos estar sempre dispostos a aprender e a melhorar nossas notas.

    16 – Os mortos permanecem vivos entre nós, com o essencial de suas influências, enquanto nós seguimos vivendo. Às vezes podemos falar com eles, conversar e pedir conselhos, melhor do que com os vivos.

    O ser humano vai acumulando experiências – próprias e compartilhadas – ao longo de sua existência. Não caminhamos sozinhos e os que nos rodeiam deixam suas marcas em nós. Por vezes, algumas pessoas acabam se tornando nossas conselheiras.
     Lembro-me de um homem que sempre que tinha um problema consultava uma amiga em especial. Ia visitá-la e conversavam. Durante essas conversas, ela abria um pacote de biscoitos. Isso acabou se transformando em parte do ritual. Sem se dar conta, quando não podia estar com ela para falar sobre algum problema, ele abria um pacote de biscoitos. Era sua forma de reviver o vínculo, mesmo que não estivesse ao lado dela.
    As pessoas do passado influenciam nosso presente e as do presente provavelmente influirão em nosso futuro. Algumas nos acompanham ao longo do caminho e outras, não, mas todas são parte do nosso kit de sobrevivência espiritual.
    Em Demian há uma passagem que ilustra essa ideia com perfeição. Quando Demian está morrendo, diz ao seu amigo Sinclair que talvez vá necessitar dele outra vez, mas que não irá de trem ou a cavalo – isto é, já estará morto e não poderá comparecer em carne e osso. Dirige a ele palavras muito emotivas: “Terá que escutar a si mesmo e então dirá para si que estou dentro de você.”
    Assim como Sinclair, estamos acostumados a ter alguém que nos acolha e nos guie em momentos difíceis da vida, mas frequentemente o melhor mestre está dentro de nós mesmos. O que vivemos, sozinhos e com os outros, fica conosco, nos dá sabedoria e capacidade de reflexão.
    Há uma pequena reflexão sobre isso no filme Peixe grande e suas histórias maravilhosas, onde o narrador diz: “Um homem conta tantas vezes suas histórias que acaba se transformando nessas histórias. Continuam vivendo quando ele não está mais lá. Dessa forma, o homem se torna imortal.”
    É uma forma poética de dizer que aqueles que foram continuam vivos e nos guiam, como Demian com seu amigo Sinclair.

    HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 13 e 14


    13 – Imortalidade? Não dou um centavo por ela. Vamos permanecer mortais, como deve ser.
    Apesar de ter a admiração de milhões de leitores de todo o mundo, Hermann Hesse jamais sentiu o desejo de ser um mito. Ao contrário, ele se dedicava ao seu jardim, às suas aquarelas e aos seus leitores com a simplicidade e a paciência de um monge zen.
    De fato, a sua escassa – na verdade, quase nula – atividade literária nas últimas décadas de sua vida se deveu ao compromisso que assumiu consigo mesmo de não deixar uma só carta de seus admiradores sem resposta.
    Calcula-se que chegou a responder cerca de 30 mil mensagens, como esta a um jovem de Solingen que desejava iniciar a carreira literária e lhe pedia conselhos:
    “Não estou em condições de assegurar-lhe se será um escritor. Não há escritores de 17 anos. Se possui o dom, o terá por natureza e ele já está enraizado em você desde pequeno. Mas se desse dom surgirá algo, se terá algo a dizer ou exprimir, isso não depende só de seu dom; depende de saber se você pode levar a sério a si mesmo e a vida, se vive com sinceridade e se é capaz de resistir à tentação de fazer meramente o que o talento fácil pode proporcionar. Em resumo, depende de quanta proeza, sacrifício e renúncia seja capaz. É duvidoso que o mundo lhe retribua e lhe agradeça por tudo isso. Se não está possuído pela ideia, se não prefere sucumbir em seguida antes de renunciar à literatura, ponha um fim nisso.”
    Há uma ideia muito poderosa nessa resposta de Hesse ao jovem aspirante a escritor, dois ingredientes necessários para qualquer empresa que desejarmos administrar:
    Devemos ser realistas como nossos dons ou talentos. Cada ser humano serve para muitas coisas, mas ninguém alcançará a excelência em tudo o que se propõe, por mais que o deseje. Devemos investir forças naquilo em que podemos brilhar. Talento sem sacrifício é inútil. Embora sirvamos para alguma coisa, é necessário empreender todo o entusiasmo de uma vida e superar muitas dificuldades para alcançarmos um grande objetivo.

    14 – O pássaro rompe a casca. O ovo é o mundo. Aquele que quiser nascer tem que romper um mundo.

    Em muitas culturas existe um ritual de passagem ou de iniciação entre a infância e a idade adulta. Nossa cultura foi perdendo esse rito de passagem tão necessário, embora restem elementos que continuam sendo praticados em alguns ambientes.
    Durante muito tempo, a entrada na vida adulta era precedida de uma prova, de uma demonstração da maturidade. Nas tribos aborígines, é natural abandonar um jovem na floresta e obrigá-lo a passar alguns dias lá sozinho, para que cuide de si mesmo. Se cumprir o desafio e demonstrar que enfrentou o medo e a solidão, ele prova que pode enfrentar a vida real sem necessidade de ajuda e está pronto para se tornar um adulto.
    Por outro lado, se o jovem volta correndo, aterrorizado, significa que ainda não está preparado para deixar a infância. Sair pela primeira vez para caçar também é uma maneira de enfrentar a vida real. O menino deve abandonar sua inocência para se tornar homem. Esses ritos implicam sempre desprender-se do eu anterior para deixar que o novo eu nasça.
    Há uma cena em Sidarta que também ilustra o que é um rito de passagem, uma maneira de abandonar a antiga existência para abraçar uma nova. Depois de conhecer os prazeres mundanos, desesperado por ter se perdido de si mesmo, Sidarta planeja suicidar-se. E é aí que tem uma revelação. De repente se sente novamente vivo. Descobre que devia morrer para voltar a nascer, matar seu antigo eu, sua antiga vida, para poder iniciar uma nova – porque é quando deixamos morrer nossas etapas anteriores que somos capazes de compreendê-las, de olhá-las com outros olhos e obter conhecimento a partir delas.
    Sidarta percebe que, apesar de haver se perdido, de quase ter morrido, seu pássaro cantor segue gorjeando. Essa voz anterior representada pela ave lhe permite descobrir que pôde desprender-se de sua antiga vida. Esse mesmo pássaro estimula Demian, em outro romance de Hesse, a romper a casca, a abandonar a vida que levou e começar uma nova.
    Ao matar simbolicamente nossa vida passada, deixamos para trás tudo o que éramos até então, embora carreguemos o que aprendemos. Renascemos em um novo mundo que se abre diante de nós não só com a sabedoria do que foi vivido, mas também com ignorância, com vazios que nos permitem descobrir o novo e nos conhecermos.
    Nietzsche disse que devemos morrer várias vezes em uma vida. Ao longo de nossa existência, caminhamos, avançamos e escolhemos, e escolher é sempre deixar algo para trás, desprender-se de alguma parte de si mesmo. Eliminar etapas é uma forma de matá-las, de morrer para renascer diante de um novo desafio. Romper a casca é romper uma camada do mundo que nos rodeia.
    Em suma, como a ave que quebra o ovo depois de ter se desenvolvido o suficiente, crescer é transformar-se de dentro para fora. Pensar é romper. É pensar por si mesmo. Por isso, é preciso romper a casca, desfazer-se de toda ideia planejada para viver a própria vida.
    Merlin disse no filme Excalibur: “Olhar um bolo é como olhar o futuro: até que o provemos, o que na verdade sabemos dele? Depois, já é muito tarde.”
    Se não nos atrevermos a provar o bolo, como saberemos o que nos espera? Como saberemos se é isso o que queremos? É preciso romper a casca e atrever-se a viver.