segunda-feira, dezembro 01, 2014

HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 07 E 08


7 – O brando é mais forte que o duro; a água, mais forte que a rocha; o amor, mais forte que a violência.  

Esta reflexão de Hermann Hesse, contida em sua antologia de citações Para ler e pensar, tem como base um conceito clássico da filosofia oriental: o poder das pequenas coisas, até mesmo das que nos parecem invisíveis, pode operar grandes mudanças.
Os admiradores de Bruce Lee encontrarão ressonâncias deste aforismo na memorável entrevista que ele concedeu pouco antes de morrer e que foi utilizada no anúncio de um carro: “Não estabeleça uma forma, adapte e construa você mesmo a sua e deixe-a crescer. Seja como a água. Esvazie sua mente, seja amorfo, moldável, como a água. Se você coloca água numa xícara, ela se transforma na xícara. Se a coloca numa garrafa, ela toma a forma da garrafa. Se a coloca em uma chaleira, ela fica como a chaleira. A água pode fluir ou pode chocar. Seja como a água, meu amigo.”
A força do amor, assim como a água, reside em se adaptar ao meio em que se vive. Alguém capaz de amar – não só a outra pessoa, mas também a um projeto – molda-se às dificuldades para dar a cada situação o melhor de si mesmo.
Se sabemos fluir com amor diante dos cenários mutáveis da vida, jamais nos veremos afetados pelas circunstâncias.

8 – Há aqueles que se consideram perfeitos, mas é só porque exigem menos de si mesmos.

O escritor uruguaio Mario Benedetti assegurava que a perfeição é uma“polida coleção de erros”. Ou seja, aquilo que acreditamos ser perfeito simplesmente maquiou e enfeitou seus defeitos para que não se parecessem como tais.
Na maioria das religiões, a perfeição sempre foi uma aspiração da alma. A divindade é perfeita, e o homem só pode aspirar a assemelhar-se ou a unir-se a ela no além. No cristianismo, o pecado original tornou impossível a perfeição do homem na Terra, e por isso procuramos ser virtuosos aqui para merecermos a salvação após a morte.
O budismo considera que é através da perfeição que o ser humano atinge o nirvana ao superar o ciclo de reencarnações e abandonar o mundo de sofrimento.
Segundo essas visões espirituais, a perfeição está sempre além da vida mundana.
Na era moderna, os avanços tecnológicos dão a impressão de que a perfeição está mais próxima devido à produção de objetos e comodidades cada vez mais sofisticados. No entanto, trata-se de uma melhora externa que nos afasta do trabalho interior, onde podemos cultivar a felicidade e a realização.
O escritor francês Jean-Baptiste Alphonse Karr dizia que o homem“aperfeiçoa tudo à sua volta, o que não faz é aperfeiçoar a si mesmo”.
Quando nos damos conta disso, somos tomados pelo desejo de transcender os limites de nossa existência.
A insatisfação é o motor que nos faz continuar avançando. Não conseguir a primeira coisa que queremos, não estarmos contentes conosco é um presente que a vida nos concede, pois significa que desejamos seguir o curso da escola da vida.
Eis um exercício simples, mas poderoso: escolha um objetivo para cada semana e daqui a um ano a sua qualidade de vida terá evoluído de maneira que é inimaginável hoje. 

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