sábado, maio 24, 2014

KAFKA PARA SOBRECARREGADOS - DE ALLAN PERCY - PARTE 15 E 16


15 – Há problemas que jamais teríamos resolvido se realmente fossem nossos.

Por mais estranho que pareça, vemos mais claramente o que funciona mal na casa do vizinho do que na nossa. E isso é uma simples questão de perspectiva: a distância nos permite ter uma visão mais clara dos problemas.
O especialista em comunicação interpessoal Ferran-Ramon Cortés fala do valor da discussão – desde que seja comedida e bem-intencionada – para se chegar a soluções criativas:
– É apenas através das discussões que as pessoas são capazes de questionar as coisas, explorar caminhos desconhecidos e procurar novas soluções para velhos problemas.
– O debate ajuda os grupos a crescer intelectualmente e a desenvolver a inteligência coletiva – uma inteligência que não está relacionada ao coeficiente intelectual individual, mas às trocas comunicativas entre cada membro do grupo.
– Nem no contexto de um grupo nem no de qualquer relação deveríamos aspirar ao acordo permanente, porque isso significaria renunciar ao crescimento, que nos proporciona as diferentes opiniões sobre as coisas e as diversas maneiras de ver um fato, uma decisão ou um problema. 

16 – Escrever é uma forma de oração.

Conta-se que Kafka mantinha uma rotina ao mesmo tempo rigorosa e estranha: ao voltar do trabalho, fazia a sesta das 15h às 19h30. Depois dava um passeio de uma hora, jantava com os pais e escrevia até as 23h, atividade que poderia se prolongar até as 2h ou 3h da madrugada, às vezes até mais tarde.
O ato de escrever é benéfico não apenas para a autorrealização e para a cura de doenças psicológicas. Há terapeutas que o indicam para ajudar no tratamento de doenças como o câncer.
No instituto Dana-Farber de Boston, nos Estados Unidos, a Dra. Bawer-Wu aplica a “terapia do diário” a seus pacientes, que dedicam meia hora por dia a escrever em um caderno suas sensações, suas intimidades e seus medos.
Ela assegura que a maioria dos pacientes apresenta uma melhora física e psicológica. Ainda que muitos se mostrem relutantes no início, os doentes se sentem bem por poderem expressar livremente seus sentimentos no diário. Eles têm acesso a computadores, mas, curiosamente, quase todos preferem usar papel e caneta para fazerem suas anotações.
Um caso muito conhecido em que a escrita foi usada como terapia é o de Isabel Allende, que superou e aceitou a morte da filha Paula ao escrever sobre sua perda devastadora.



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