sábado, outubro 04, 2014

NIETZSCH PARA ESTRESSADOS DE ALLAN PERCY - PARTE 46 E 47


46 – Dois grandes espetáculos são muitas vezes suficientes para curar uma pessoa apaixonada

Como se apaixonar envolve projetar mentalmente a imagem da pessoa amada, em alguns casos a afirmação de Nietzsche pode fazer sentido. Ao substituir uma projeção por outra – por exemplo, a de um filme –, podemos aliviar uma paixonite por algumas horas.
No entanto, é conveniente analisar de onde surge a necessidade do amor romântico, que prefere a idealização e a fantasia ao conhecimento e ao amadurecimento do amor.
Segundo Platão – que Nietzsche achava chato –, amar é caminhar em busca da parte que nos falta, da velha “metade da laranja”. Essa visão é questionada atualmente por muitos terapeutas de casais, que dizem que todo ser humano é uma “laranja inteira” e não deve esperar por ninguém para se sentir completo e realizado.
Mesmo que estar apaixonado seja um prazer, graças à energia que envolve os que entram nesse estado, quem busca o caminho do meio deve colocar o amor a longo prazo e a ternura à frente das flechadas do cupido.

47 – Quem declara que o outro é idiota fica chateado quando, no final, descobre que isso não é verdade

Os preconceitos marcam boa parte das relações humanas e provocam uma grande carga de rancor que acaba se mostrando difícil de administrar.
O rancor é um mecanismo de três fases que pode ser desligado se entendermos como ele se desenvolve:
1. A primeira fase é o julgamento. Como cada pessoa é  diferente das demais, ao julgar os atos de alguém sempre encontramos algo com que não estamos de acordo.
2. Aquilo de que não gostamos ou que não entendemos na outra pessoa nos conduz à segunda fase: a acusação. Tendemos a pensar em valores absolutos e nos custa reconhecer que o mundo pode ser encarado de vários pontos de vista diferentes.
3. A acusação nos leva à terceira fase: a vingança. Pode ser sutil – por exemplo, por meio de um simples afastamento – a ponto de aquele que a pratica não perceber o que faz.
Durante esse processo manifestamos arrogância e superioridade, paralelamente à falta de compreensão e aceitação. Se deixarmos de emitir juízos, iremos nos livrar desse mecanismo alienante.

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