quarta-feira, julho 02, 2014

KAFKA PARA SOBRECARREGADOS - DE ALLAN PERCY - PARTE 55 E 56


55 – Às vezes as descobertas chegam à força.
Uma serendipidade é uma descoberta afortunada feita a partir de um erro. Funciona assim: você descobre uma coisa enquanto tentava conseguir outra. Nunca despreze os acidentes, já que eles frequentemente trazem valiosas inspirações.
A penicilina foi descoberta por Alexander Fleming graças a um fungo que entrou em contato com as placas onde estavam as bactérias que ele pesquisava. Pouco antes de jogá-las fora, percebeu que a presença do fungo impediu o desenvolvimento das bactérias, o que lhe permitiu desenvolver um remédio que salvou inúmeras vidas.
Em 1725, Johann Heinri Schulze, professor da Universidade de Altdorf, na Alemanha, trabalhava em um novo método para conseguir o elemento fósforo. De repente, percebeu que o recipiente em que colocara o nitrato de prata adquirira uma tonalidade escura no lado que estava exposto ao sol. Interessado pelo que havia acontecido, deixou uma folha de papel com umas anotações junto ao recipiente.
Ao retirar o papel, submetido à exposição solar, as palavras tinham ficado “fotografadas” no recipiente. Esta foi a base do que mais tarde seria a fotografia. Devemos prestar atenção aos acidentes ou aos erros com que nos deparamos no dia a dia, pois geralmente eles contêm uma mensagem útil para nossa vida e para a dos demais.

56 – Há uma meta, mas não há caminho: o que chamamos caminho é a nossa hesitação.
É isso que Kafka falava a respeito do rumo que tomamos na vida. O que não significa que a incerteza seja algo negativo – pelo contrário. De fato, podemos enumerar uma série de vantagens de desconhecer o resultado de nossos passos:
• A hesitação nos permite descobrir coisas que se encontram à beira da estrada e que talvez sejam mais importantes que a via principal. Pense nos estudantes que encontram sua verdadeira vocação graças a uma matéria extracurricular.
• A incerteza nos obriga a abrir os olhos e os demais sentidos, o que nos faz parar de avançar às cegas ou movidos pela inércia ou pela apatia.
• Não saber para onde estamos indo é um incentivo à criatividade, que necessita de espaços vazios e de possibilidades abertas para moldar-se.
Por tudo isso, não devemos nos angustiar com o rumo aleatório das circunstâncias, pois ele é garantia de liberdade e de que algo está em nossas mãos.

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