sexta-feira, abril 04, 2014

PROPOSTA - PARTE 69 E 70 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS

69 – Gosto de escutar a mim mesmo. É um dos meus maiores prazeres.
Converso comigo com frequência e sou tão inteligente que às vezes não entendo uma só palavra do que digo. o escritor hondurenho Augusto Monterroso dizia que, para saber o que pensava, tinha que escrever. Já ofilósofo austríaco (depois naturalizado britânico) Ludwig Wittgenstein acreditava que, apesar de ser fácil saber o que dizemos, seria difícil explicar por que o dizemos. Poderíamos situar Oscar Wilde entre os dois. Ele sabia escolher as palavras apropriadas, embora nem sempre as utilizasse para fins práticos. Foi um apaixonado pela beleza e teve um trágico fim, rechaçado pela sociedade e condenado à prisão. Em sua obra, soube contar com graciosidade até as histórias mais sinistras, como a de Dorian Gray, mas também soube jogar com as palavras, provocando mal-entendidos e escândalos quando atacava os costumes estabelecidos e defendia os hábitos incomuns.

Graças à beleza indiscutível de sua alma e à sua grande inteligência, até hoje o consideramos um gênio. Em seus textos, não só percebemos como a combinação de palavras pode ser bela, como também nos damos conta de que o pensamento só é livre quando não carrega o peso dos lugares-comuns e das visões preestabelecidas.
Às vezes, não entender nada – nem mesmo as próprias palavras – é o mais sensato ante o absurdo de certas situações.
70 – Uma ideia que não seja perigosa não merece ser chamada de ideia.
Algumas pessoas que afirmam não terem ideias e planos de renovação na verdade escondem uma necessidade de se manterem estáveis que é profundamente humana – por mais absurdo que seja buscar estabilidade em um mundo instável.
Nossa sociedade se sustenta no movimento: o dinheiro muda constantemente de mãos, os computadores ficam obsoletos a cada dois anos, os modismos se sucedem à velocidade da luz. É por medo de falhar ou de tomar decisões equivocadas que muitas vezes não arriscamos trazer à tona novas ideias e abandonar antigos conceitos. Mas o medo do fracasso é pior do que o próprio fracasso, porque este ao menos nos permite aprender e evoluir. Paulo Coelho assim reflete sobre o temor de correr riscos:
A pessoa que tem medo de assumir riscos é digna de piedade. Talvez nunca se decepcione nem se desiluda, talvez não sofra como os que perseguem um sonho. Mas, quando olhar para trás, a única coisa que terá na vida serão as batidas do próprio coração.

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