domingo, agosto 03, 2014

KAFKA PARA SOBRECARREGADOS - DE ALLAN PERCY - PARTE 89 E 90

89 – O medo da união, do fluir para a outra parte.
A expressão “MEDO DE COMPROMISSO” foi popularizada nos anos 1980, quando o psicólogo americano Dan Kiley publicou A síndrome de Peter Pan.
O livro fala sobre a imaturidade de pessoas adultas – especialmente homens – que se negam a crescer e a assumir responsabilidades. Os sintomas são irresponsabilidade, negação da velhice, pânico de envolver-se, rebeldia… Quem padece desse mal se refugia em uma espécie de bolha em que tenta não ver a passagem do tempo.
Podem ser quarentões com uma vida social comparável à de um adolescente, ou um jovem de vinte e poucos anos que só faz sexo casual e que foge apavorado quando percebe o menor sinal de compromisso.
No fundo, são pessoas inseguras, com problemas graves de adaptação, seja de cunho sentimental ou profissional. Seu estado é de permanente insatisfação, medo do futuro e da solidão, uma criança presa no corpo de um adulto. Para amar é preciso ter a coragem, que Kafka não teve, de fluir para a outra parte.

90 – Associar-se a outras pessoas leva inevitavelmente à auto-observação.
Quando o ambiente em que estamos demonstra confiança em nossa capacidade, nossa autoestima se fortalece e ousamos realizar atos acima de nossas possibilidades.  Naturalmente, acontece o oposto num ambiente hostil.
Esse processo se chama efeito Pigmaleão. Pigmaleão esculpiu a estátua da bela Galateia e se apaixonou perdidamente por sua obra, a ponto de rogar aos deuses que dessem vida à sua criação para, assim, poder casar-se com sua amada.
Em 1968, Robert Rosenthal e Leonore Jacobson realizaram uma experiência muito reveladora sobre o efeito Pigmaleão. Em uma escola, informaram aos professores que haviam feito testes com os alunos e chegado à conclusão de que alguns deles eram jovens brilhantes que conseguiriam notas muito acima da média. Ao terminar o curso, a profecia se cumpriu e esses alunos de fato tiveram resultados excelentes.
Os professores se surpreenderam quando foram informados de que, na verdade, não houvera teste algum. Foram os próprios professores que, por estarem predispostos a depositar mais confiança nesses alunos, transmitiram segurança a eles e, sem se darem conta, os ajudaram, aumentando sua autoestima de maneira inconsciente.

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