terça-feira, junho 03, 2014

KAFKA PARA SOBRECARREGADOS - DE ALLAN PERCY - PARTE 29 E 30


29 – A sorte de compreender que o chão sobre o qual você permanece não pode ser maior que os dois pés que o cobrem.

Marco Aurélio, Imperador Romano entre os anos 161 e 180 e filósofo estoico, explica muito bem esta ideia proposta por Kafka. Ele o faz numa de suas célebres Meditações:
Ainda que tuas forças pareçam insuficientes para a tarefa que tens diante de ti, não assumas que está fora do alcance dos poderes humanos. Se algo está dentro da capacidade do homem, crê: também está dentro de tuas possibilidades.
Isso significa que qualquer pessoa é capaz de qualquer coisa? Não necessariamente, mas o fato de alguém ter conseguido algo é a prova de que outros poderão fazer o mesmo.
O primeiro satélite espacial russo abriu caminho para o satélite americano, assim como aconteceu quando o primeiro país comunista do Leste Europeu caiu e os demais o seguiram como peças de dominó.
Em um nível mais modesto e individual, as pessoas que admiramos nos inspiram a seguir seu exemplo e a executar nossos próprios projetos. 

30 – Quem conserva a capacidade de ver a beleza não envelhece.

Embora Franz Kafka tenha sido relacionado a cenários opressivos e a situações absurdas e angustiantes, ele tinha grande sensibilidade para a beleza. De fato, ele assegurava que os jovens são felizes por terem mais capacidade de apreciar o sublime.
Como afirma o filósofo e psicoterapeuta Piero Ferrucci, rodear-se de beleza é uma necessidade vital para o ser humano:
Muitas pessoas têm sede e não sabem disso. Não têm consciência da sede. Não bebem o bastante, e seu corpo experimenta tanta necessidade de água que desidrata. Então, elas sentem mal-estar, mas não sede. O mesmo acontece com a beleza. A necessidade não satisfeita de beleza pode gerar depressão, inquietação, uma profunda sensação de futilidade, uma inexplicável agressividade e diversas patologias. A necessidade de beleza não é reconhecida em nossa sociedade, e isso acarreta enormes males psicológicos e sociais. Como antídoto contra as angústias a que nos submete este mundo prosaico, podemos recorrer à beleza conservada nos museus, às canções que nos emocionam, aos bons livros e às paisagens que tocam teclas profundas da alma. 

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