quinta-feira, novembro 20, 2014

NIETZSCH PARA ESTRESSADOS DE ALLAN PERCY - PARTE 96 E 97


96 – Não atacamos apenas para machucar o outro, para vencê-lo, mas, algumas vezes, pelo simples desejo de adquirir consciência de nossa força

Este pensamento de Nietzsche está em sintonia com O príncipe, de Maquiavel, manual clássico – e pouco ético, de uma perspectiva atual – sobre a conservação do poder.
Auxilia muito a um príncipe dar de si exemplos raros quanto ao governo interno, quando se tem a ocasião de encontrar alguém que faça algo extraordinário na vida civil, ou para o bem ou para o mal, e escolher um modo de premiá-lo ou puni-lo. E um príncipe deve esforçar-se para obter para si, em todas as suas ações, a fama de grande homem e de excelente habilidade. (...) Muitos julgam que um príncipe sábio deve, quando tem a ocasião, com astúcia, alimentar algumas inimizades a fim de que, oprimido [o povo] por elas, essa seja maior a sua grandeza.
Eis outros conselhos que Maquiavel dá aos príncipes:
• Não se deve atacar o poder quando não se sabe se é possível destruí-lo.
• É preciso corromper ou oprimir os homens, pois eles se vingam de ataques menores, já que não podem se vingar dos maiores.
• As injustiças devem ser feitas todas de uma vez, pois, quando há menos tempo para absorvê-las, elas causam menos danos. Já os favores devem ser concedidos pouco a pouco, para que sejam mais bem apreciados.

97 – Nossas carências são nossos melhores professores, mas nunca mostramos gratidão diante dos bons mestres

Fazer da carência um novo caminho, em vez de um motivo de frustração, é o que diferencia as mentes criativas das que se conformam com o fracasso.
Existe um episódio protagonizado pelo violinista israelita Itzhak Perlman que vem sempre a calhar quando se fala em limitações. O músico precisava de muletas para se locomover, pois tivera poliomielite quando criança.
Itzhak se apresentava no Lincoln Center, em Nova York, quando, logo depois de começar a tocar, uma corda de seu violino arrebentou. O público imaginou que o concerto seria interrompido, pois trocar e afinar uma corda de violino não é tarefa fácil. Mas ele continuou tocando com as cordas restantes. É quase impossível executar uma partitura escrita para as quatro cordas do violino com apenas três, mas, para surpresa de todos, ele conseguiu.
Ao terminar o concerto, o músico foi ovacionado. Ele então enxugou o suor da testa, ergueu o arco do violino pedindo silêncio e disse: “Sabe de uma coisa? Às vezes a tarefa do artista é ver o que pode ser feito com o que lhe resta.”

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