sexta-feira, novembro 07, 2014

NIETZSCH PARA ESTRESSADOS DE ALLAN PERCY - PARTE 86 E 87


86 – Toda vez que me elevo, sou perseguido por um cachorro chamado Ego

Nosso ego é uma das principais fontes de sofrimento e estresse a que estamos expostos, já que é insaciável e difícil de ser domado. Nem mesmo os mestres que teorizaram sobre o ego se livraram dele, como mostram as lutas de poder nas quais frequentemente se envolviam.
Ken Wilber, mestre espiritual, pensa o seguinte sobre a questão:
Acho lamentável que as pessoas imaginem que os sábios não têm problemas com as coisas que são complicadas para todo mundo – por exemplo, o dinheiro, a comida, o sexo. É como se estivessem acima de tudo isso, como se fossem apenas cabeças pensantes, como se a religião não servisse para viver a vida com mais plenitude, mas sim para evitá-la, reprimi-la, negá-la e fugir dela, e assim nos liberar dos impulsos e instintos inferiores.
Na realidade, o mero fato de se tornar mestre de alguém é uma bela demonstração de ego, pois, como insistia o filósofo indiano Krishnamurti, “a autoridade corrompe tanto o mestre quanto o discípulo”. E nem mesmo quem pronunciou essas palavras se privou do exercício da autoridade. 

87 – Todo idealismo perante a necessidade é um engano

Um dos slogans da greve geral na França ocorrida em maio de 1968 era:“Seja realista: peça o impossível.” Esse lema de grande beleza estética certamente teria feito Nietzsche se revirar na tumba.
Para ilustrar a tríade otimista-pessimista-realista, um dito popular conta que o otimista inventou o avião, o pessimista não viaja de avião e o realista embarca usando paraquedas.
Provavelmente existem momentos na vida para seguir cada uma das três abordagens. Por exemplo, diante de um projeto pessoal é preciso ser otimista desde o início, mas também pessimista na hora de se prevenir de futuras dificuldades e realista para administrar os esforços que, dia após dia, nos levarão em direção à nossa meta.
Voltando ao pensamento de Nietzsche, ser idealista é uma boa forma de passar pelo mundo sem nos embrutecer nem renunciar a nossos sonhos antes do tempo. No entanto, a realização desses sonhos exige uma boa dose de sentido prático.
Os sonhos são projetados por nosso arquiteto interior, mas, para transformá-los em realidade, é preciso despertar o pedreiro que também vive em cada um de nós.

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