quarta-feira, junho 08, 2011

- TEXTOS : OS MÚSICOS DE BREMEN E OS SALTIMBANCOS -

Ficheiro:Bremen.band.500pix.jpg 

Os músicos da cidade de Bremen

(The Bremen Town-Musicians)

Jacob e Wilhelm Grimm)

Uma vez, um asno, depois de ter servido dedicadamente
 o seu amo durante muitos anos, viu-se ao chegar à velhice,
 desprezado e maltratado.
Em vista dessa ingratidão, resolveu fugir do cercado
 para dirigir-se a Bremen,pois tinha sabido que o burgomestre
estava recrutando músicos para a banda da cidade.
Como ele sabia zurrar muito bem, com certeza venceria as
provas. Pelo caminho, encontrou um velho cão de caça,
 um gato e um galo, também aborrecidos com os
respectivos donos. Todos se uniram a ele, de boa vontade,
também com a esperança de serem contratados
para músicos, uma vez que o cão ladrava,
com voz de baixo, o gato era um magnífico barítono e
o galo um excelente tenor.
Juntos, os quatro encaminharam-se para Bremen,
 mas a noite os surpreendeu no lugar mais denso da floresta.
 Viram, de repente, uma luz brilhar por entre as árvores
e seguiram naquela direção, até chegar em frente de uma casa.
          O asno foi depressa para perto da janela do andar térreo,
que se achava iluminado e olhou para dentro. Lá estavam
sentados uns salteadores, em torno de uma pequena mesa,
cheia de iguarias e garrafas de vinho. O asno se ergueu, então,
sobre o peitoril da janela. O cão subiu-lhe ao lombo,
o gato sobre o lombo do cão e o galo sobre o lombo do gato.
 Assim colocados,apresentavam um estranho aspecto,
 mas pior foi quando os quatro se puseram a "cantar".
 Em seguida, o asno, sempre com os três companheiros às costas,
quebrou a vidraça, entrou na sala e começou a galopar
 alegremente ao redor da mesa. Os salteadores,
assustados com aquela estranha aparição, pensaram que
a bruxa,em carne e osso, ali surgira para agarrá-los e correram
 para fora da casa, indo refugiar-se na floresta. Os quatro
companheiros sentaram-se, então, calmamente junto à mesa,
comeram até quase rebentar, beberam até a última gota do
vinho e finalmente, depois escolheram cada qual o lugar
que mais lhe agradava e deitaram-se para dormir.
Lá pela meia noite, ao verem que tudo estava escuro
e silencioso, os salteadores aproximaram-se da casa, certos de
que a bruxa tinha ido embora. Um dos bandidos,
o mais valente, entrou resoluto na sala. Dirigiu-se para 

a cozinha,sem acender luz e, ao ver os olhos do gato 
que fulguravam na escuridão, pensou que eram duas brasas
 e, então,tirou um fósforo e aproximou-se 
das supostas brasas, para acendê-lo.
O gato, enfurecido, saltou sobre o infeliz e arranhou-o 
sem dó nem piedade.
O bandido fugiu apavorado e foi tropeçar no cão, que tinha
 se enrodilhado perto da porta.
Quando o alucinado homem tentou fugir pelo quintal,
 foi cair em cima do asno, que lhe aplicou um certeiro
par de coices. O galo, que tinha acordado com aquele
 reboliço, ergueu aos ares o seu sonoro cocorocó.
 É fácil imaginar o terror do bandoleiro, que, por fim, 
conseguiu alcançar os companheiros e contou-lhes que
 a casa se achava invadida por um grupo de bruxas.
 De pleno acordo,resolveram abandonar para sempre 
a casa e mudaram-se para lugar mais tranquilo. 
Os aspirantes a músicos instalaram-se definitivamente
 na casa e, tendo descoberto no sótão um grande
 tesouro, que tinha pertencido aos bandoleiros, 
repartiram-no entre si, como bons amigos.
Desde então, passaram a viver como grandes
 senhores, sem necessidade de se apresentarem 
ao concurso para músicos na cidade de Bremen.


Esta peça se baseia no famoso conto recolhido
pelos irmãos Grimm(1785/1863 e 1786/1859).
Foi apresentada com fantoches .Bardotti e Enriquez 
tinham feito uma versão italiana para teatro profissional, 
I Musicanti.
 Em 1977 Chico Buarque de Holanda traduziu I Musicanti
para o português, com adaptações: Os Saltimbancos.
Para os curiosos fiz há dias uma tradução fiel do original,
que apresento ao final do meu texto.

BURRO:
Ai, que vida triste.
Tô ficando velho
cansado e doente.
Meu pelo caiu,
não tenho mais dente.
Estou tão fraquinho
que as cargas que levo

caem no caminho.
Estou chateado.
Agora que estou
fraco, acabado,
meu patrão me trata
como um enjeitado.
Não me dá comida,
não me dá abrigo

Danada de vida!
Pensei cá comigo:
Morrendo de fome
não quero ficar!
De manhã bem cedo,
pra outro lugar
eu vou me mandar.
Vou fugir daqui!
Quero viajar.
Quando eu era novo
bem forte e matreiro
aprendi a tocar
tambor e pandeiro.
Pois vou para Bremen.
Lá, numa orquestra,
eu quero tocar.
É nisto que dá
a gente ficar
sem se aposentar.
Muito trabalhei
mas INPS
eu nunca paguei.
Eu fui reclamar
no Fundo Rural
mas lá me pediram
tanto documento!
Nem mesmo animal,
nem mesmo um jumento
pra aguentar aquilo.
Pois vou para Bremen.
Lá numa orquestra
eu quero tocar.
Está resolvido.
Amanhã bem cedo
eu vou me arrancar!
(sai)
CÃO:
Uh uh uh uh uuuuh!
Que fome que eu sinto.
Eu falo e não minto:
hoje não comi.
Desde que estou velho
que o patrão daqui
não me dá comida.
Ficou intratável.
Me xinga, me bate,]
e fica dizendo
que estou imprestável.
Porque antigamente,
quando ia pra caça,
eu ia na frente.
Isto, de pirraça,
ele hoje não diz.
Marreco, narceja,
galinha ou perdiz,
nada me escapava!
Eu parava o corpo
e já apontava
com o rabo em pé.
E ele atirava
e eu disparava
e voltava urgente
com o bicho no dente.
Pois é, minha gente.
Agora, estou fraco.
Não tenho mais faro.
O patrão é ingrato.
Eu banquei o pato
porque das caçadas
só ganhava o osso!
O lucro era dele.
Agora, estou velho,
faminto, e ele
Não quer nem saber.
Pra me consolar
eu fico a uivar.
Uh uh uh uh uuuuh!
BURRO:
Que é isto, compadre?
Quê que aconteceu?
CÃO:
Quê que aconteceu?
Fiquei velho e fraco
e o patrão, ingrato,
tirou o meu osso,
tirou meu almoço.
E eu tenho comigo
que, se aqui ficar,
até meu pescoço
ele, de castigo,
vai querer cortar
pra eu não mais uivar.
BURRO:
Pois não seja bobo,
saia já daqui.
CÃO:
Que posso fazer?
Pra onde correr?
BURRO:
Quer mesmo saber?
Eu vou para Bremen.
Lá, numa orquestra,
eu vou me inscrever.
Porque a minha história
parece com a sua.
Patrão é assim mesmo.
A gente trabalha
e quando se cansa,
é o olho da rua.
Pois venha comigo,
seja meu amigo.
Algum instrumento
saberá tocar?
CÃO:
Não aprendi nada.
O que eu sei é uivar.
BURRO:
É mesmo maçada.
Deixa-me pensar!
Quando está uivando
é capaz de uivar
como se estivesse,
assim, a cantar?
CÃO:
Você quer dizer,
se eu consigo uivar
como se uma música
eu fosse entoar?
BURRO:
É bem isto mesmo.
CÃO:
Eu posso tentar.
BURRO:
Então, vamos indo.
E enquanto andamos
dó re mi fa sol
eu vou te ensinar.
AMBOS: (canto)
Dó Uh
Dó Ré Uh uh
Dó Ré Mi Uh uh uh
Dó Ré Mi Fa Uh uh uh uh
Sol. Uh.
(saem)
GATO:
A a a atchim!
Ai ai ai de mim!
Que vida ruim!
Por que fui nascer
aqui nesta terra?
Tivesse eu nascido
no Egito antigo...
Ficaria velho
com honras divinas.
E dez bailarinas
Iam me embalar
Até que eu dormisse.
Mas neste país!
Que mal foi que eu fiz?
Só fiquei doente
e velho e fraco.
Não caço mais rato
e o patrão, ingrato,
me tirou da casa.
Lá dentro, na brasa
daquele fogão,
dormia quentinho.
Aqui fora, não!
Minha asma, acredite,
já virou bronquite.
A bronquite, gripe,
e a gripe, ai de mim,
não quer ir embora.
E eu, toda hora,
fazendo atchim.
A a a atchim!
Como sinto frio.
Só chio e não mio.
É nisso que dá
a gente ser pobre.
Eu fui trabalhar
pro patrão, que é nobre,
e hoje, cansado,
vim aqui parar.
Ele, rico e feito.
Eu, doente e desfeito,
cansado, ai de mim.
A a a atchim.
Fui bom operário,
cumpria o horário,
fazia ordinário
e extraordinário
com pouco salário.
Cacei tanto rato
e o patrão, ingrato,
não quis nem saber.
Me chutou pra fora.
Só resta morrer.
BURRO:
Que é isto?, amigo.
Falando em morrer...
o que houve contigo?
GATO:
O que houve comigo?
Banquei o bobão!
Trabalhei de mais
e agora o patrão
de mim se desfaz.
Fui mesmo um palhaço.
Não sei o que faço.
BURRO:
Pois venha com a gente!
Nós vamos pra Bremen.
Vai ser diferente
de agora pra frente.
GATO:
E o que vão fazer?
CÃO:
Artistas de orquestra
havemos de ser.
E vamos ganhar
o nosso sustento.
BURRO:
Você quer tocar
algum instrumento?
GATO:
Quando eu era novo
toquei violão.
Agora... sei não.
Faz já tanto tempo...
A luta danada,
a vida apertada,
já desaprendi.
Não toco mais nada.
BURRO:
Pois bem me dizia
a jumenta, minha tia,
que filosofava:
tudo o que se aprende
jamais se esquece.
Assim, me parece,
é só se lembrar
de alguma teoria...
mais dia, menos dia,
vai brotar canção
do seu violão.
Não quer vir com a gente?
GATO:
Gostei de vocês.
E, chegando em Bremen,
já seremos três.
Se não nos quiserem
na orquestra local,
cantaremos nós,
formando um coral.
BURRO:
Pois vamos andando
e a partitura
vamos ensaiando.
OS TRÊS: (o Burro e o Gato cantam a letra da canção; o Cão uiva,
modulando a melodia)
É sempre assim:
A gente trabalha feito um burro,
puxando carroça, dando murro.
Dinheiro, que é bom, não vê não.
Vai tudo pra mão
do patrão.
É sempre assim:
A gente trabalha qual cachorro,
roendo osso, no alto do morro.
O atrasado vem sem correção.
Vai tudo pra mão
do patrão.
É sempre assim:
A gente trabalha feito um gato,
e fazem da gente gato e sapato.
Não recebe gratificação,
vai tudo pra mão
do patrão.
(saem)
GALO: (entoando, subindo o tom, como se estivesse estudando canto)
Qui qui qui ri qui qui qui ri qui.
Qui qui qui ri qui qui qui ri qui.
Ai!
Quem foi que jogou
o sapato em mim?
VOZ:
Fui eu! Quer saber?
Se continuar
berrando assim
vou aí cortar
o teu pescocim.
Galinho atrevido!
Comigo é assim.
É na ditadura!
Essa carne dura
não serve pra nada.
Mesmo assim te mato!
É bom ir parando
Com essa cantoria!
GALO:
Ouviram bem isto?
É assim todo o dia.
Que vida malquista!
Ninguém nesta terra
respeita o artista!
Eu fico treinando
minha voz de tenor
E vão me matar.
Que país! Que horror!
Que terra simplista
é esta, que teme
o canto do artista?
Eu vou me exilar.
Vou abandonar
meu torrão natal.
Em outro país
eu vou procurar
gente liberal
que queira escutar
a arte que eu fiz.
Se não, é capaz
de amanhã bem cedo,
algum capataz
de algum delegado
vir me procurar.
Que aflição, que medo!
BURRO:
Que tristeza é essa?
Por que está a gritar?
Pra que tanta pressa?
GALO:
Resolvi partir.
Ainda não sei
bem pra onde ir.
Mas sei que me vou.
Aqui, no país,
seguro não estou.
Eu corro perigo.
CÃO:
Anime-se, amigo!
Pois venha com a gente.
Nós vamos pra Bremen
formar um conjunto.
GATO:
Se você quiser
pode vir também.
Você canta bem!
Será o solista.
Todo mundo sabe
que o galo é mesmo
um grande artista.
GALO:
Amigos... eu vou!
Pois, como eu dizia,
aqui nesta terra
seguro não estou.
Mas, antes de ir,
farei meu aparte:
Que triste o país
que vive sem Arte.
TODOS: (canto)
Vamos indo para Bremen
à procura de outra sorte!
Tudo aqui conspira contra
e nos ameaça o forte.
(saem cantando e voltam em silêncio)
GALO:
Estou ficando cansado,
já não posso caminhar!
Tenho fome, tenho sede.
Nós não podemos parar?
GATO:
Eu também já não aguento.
Andamos um dia inteiro.
Bremen fica muito longe?
Me responda, companheiro.
CÃO:
Falta ainda um bom pedaço.
Uma floresta, asseguro.
E o pior é que anoitece.
Já está ficando escuro!
BURRO:
Precisamos descansar.
É melhor dormir aqui.
Amanhã cedo, partimos.
Eu vou me ajeitar ali.
CÃO:
Eu fico aqui no cantinho
vigiando o caminho.
GATO:
Vou deitar perto do atalho.
GALO:
Eu preciso de um poleiro.
Vou me empoleirar num galho.
BURRO:
Boa noite para todos.
Qualquer barulho, zumzum,
E seremos um por todos
e também todos por um.
GALO:
Amigos, que coisa boa!
Imaginem o que vejo!
Uma luz lá muito longe!
CÃO:
Deve ser um lugarejo.
GALO:
É uma casa solitária
bem no meio da floresta.
Parece que ouço um canto.
Deve haver alguma festa.
BURRO:
Vamos fazer o seguinte:
nós iremos para lá
e pediremos abrigo.
Pois, se for um povo amigo,
eles hão de ajudar.
GATO:
Eu também acho melhor
irmos lá pedir pousada
em vez de dormir aqui
nesta grama tão molhada.
TODOS: (canto)
Nós somos os músicos de Bremen
Bonitos, valentes, corajosos.
Depois que tocarmos na orquestra, )
Nós quatro, nós quatro, ) bis
nós quatro ficaremos bem famosos. )
(saem cantando e voltam em silêncio)
BURRO:
Amigos, escutem
o que eu vou falar.
Enquanto viemos
estive a pensar.
Sempre ouvi dizer:
de tanto pensar
um burro morreu.
Garanto, porém,
que o burro da história
não era como eu.
Pensei no seguinte:
se nós não sabemos
quem mora na casa
como lhes pedir
pra nos dar abrigo?
Se é um inimigo
que vamos fazer?
Dizia minha tia,
jumenta sabida:
só burro bem burro
age sem pensar.
O burro que é burro,
dos bem verdadeiros,
pensa até pra andar.
CÃO:
Eu tenho uma idéia:
o galo cantor
que é o mais leve
e sabe voar,
vai dar uma olhada
naquela janela.
Dá uma espiada
e vem nos contar
o que viu por ela.
GALO:
Eu vou, sem demora.
Silêncio, agora.
Porque se me pegam
com rede ou com laço,
não sei o que faço.
Esperem aqui. (vai e volta)
Amigos, que medo!
Sabem o que eu vi?
Eu vi três enormes...
Eu vi três horríveis...
GATO:
A a a atchim!
CÃO:
Silêncio, gatinho.
GATO:
Desculpa, é a gripe.
CÃO:
Deixa ele contar.
GALO:
Pois quando eu lá fui
E olhei na janela,
Eu vi numa mesa,
comendo e bebendo...
GATO:
A a a atchim!
BURRO:
Mas gato, de novo?
GATO:
Que posso fazer?
CÃO:
Da próxima vez
que for espirrar
segura o nariz!
Se não, como o galo
nos pode contar?
GALO:
Pois foi bem assim:
olhei lá pra dentro
e vi...
GATO:
... A atchim!
CÃO:
Eu vou segurar,]
eu vou apertar
seu nariz agora!
Depressa, já, galo,
comece a falar.
GALO:
Eu vi três ladrões!
GATO:
A a a atchim! (os outros três se abraçam)
Por que tanto medo?
Fui eu que espirrei.
E o que o galo disse
eu não escutei.
GALO:
Eu disse que vi
três ladrões lá dentro.
GATO:
Socorro! Socorro!
Me acudam que eu morro!
BURRO:
Silêncio, silêncio.
Eu sei muito bem
o que é pra fazer.
Eu vou por as patas
naquela janela.
O cão trepa em cima
da minha garupa.
O gato no cão
e o galo no gato.
Então eu começo
e conto um, dois, três,
e nós, numa vez,
berramos, gritamos,
e assim, com o barulho,
nós quatro assustamos
aqueles gatunos.
Agora, silêncio:
um, dois, três e... Já!
TODOS:
Uá uá uá uá uá.
Au  au au au au.
Miau miau miau
Qui qui ri qui!
BURRO:
Fugiram, fugiram.
O plano deu certo.
Agora, decerto,
não mais voltarão.
CÃO:
Nós vamos entrar,
comer e cantar.
Pois nenhum ladrão
vai querer voltar.
TODOS: (canto)
Nós somos os músicos de Bremen
Bonitos, valentes, corajosos.
Depois que tocarmos na orquestra, )
Nós quatro, nós quatro, ) bis
nós quatro ficaremos bem famosos. )
BURRO:
Bem, já que comemos,
vamos nos deitar.
Cada um escolhe
o melhor lugar.
Eu vou para o pátio.
O gato na brasa
daquele fogão.
O galo no alto
e ali fica o cão.
(saem; entram os três ladrões)
PRIMEIRO LADRÃO:
Eu acho que nós fugimos de bobos que fomos. Só por causa de
um barulhinho qualquer, a gente vai abandonar a casa
com todo o nosso tesouro?
TERCEIRO LADRÃO:
Barulhinho? Pois eu estou tremendo até agora.
SEGUNDO LADRÃO:

Porque vocé é um medroso!
TERCEIRO LADRÃO:
Eu, um medroso? Mas foi você que começou a correr primeiro.
PRIMEIRO LADRÃO:
Silêncio! Está certo que a gente abandone o nosso tesouro e a
nossa casa pra algum monstro. Mas precisamos mesmo
averiguar se é um monstro ou não. Você vai lá ver.
TERCEIRO LADRÃO:
Eu? Mas eu estou tremendo até agora. Vai você.
PRIMEIRO LADRÃO:
Eu não vou porque eu sou o chefe. Vai você.
SEGUNDO LADRÃO:
Eu? Mas eu sou o subchefe. Você é que vai.
TERCEIRO LADRÃO:
Eu? Mas eu morro de medo. Estou tremendo até agora.
PRIMEIRO LADRÃO:
Mas é você mesmo que vai lá. Eu, o chefe, mando.
SEGUNDO LADRÃO:
E eu, o subchefe, também.
TERCEIRO LADRÃO:
Então, já que nós assim decidimos democraticamente, eu vou.
Mas não me responsabilizo se voltar de lá com as calças cheias.
PRIMEIRO LADRÃO:
Vai, logo, seu cagão
(os animais dormem; entra o ladrão)
BURRO: (cochichando)
Atenção, atenção,
eis que vejo um ladrão.
Pessoal, vamos por
nosso plano em ação.
(dá um coice; o cão dá uma dentada; o gato arranha;
o galo fica gritando:
qui qui qui ri qui!)
PRIMEIRO LADRÃO:
Então, o que aconteceu? Tinha mesmo um monstro na casa?
TERCEIRO LADRÃO:
Um monstro? São quatro! Quatro monstros terríveis. Primeiro um
gigante me deu um chute com um pé de ferro, depois um anão me deu
uma facada na perna e uma bruxa me arranhou a cara e uma
outra ficava gritando: traga ele aqui, traga ele aqui!
PRIMEIRO LADRÃO:
Precisamos usar de tática com o inimigo. A nossa estratégia é,
na hora do perigo, bater em retirada. Eu, como o chefe, começo. (foge)
SEGUNDO LADRÃO:
E eu, como Subchefe, sou o segundo. (foge)
TERCEIRO LADRÃO:
Ei, esperem por mim, esperem por mim. Ai, meu Deus dos ladrões,
quando é que eu vou parar de tremer? (foge)
BURRO:
Pois viram?, crianças!
Nós já desistimos
de ir para Bremen.
Aqui temos tudo.
Pegamos o ouro
do trio gatuno.
Fonte: Retirada da Net

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu Comentário