sexta-feira, junho 27, 2014

KAFKA PARA SOBRECARREGADOS - DE ALLAN PERCY - PARTE 43 E 44



43 – Crer significa libertar em si mesmo o indestrutível. Ou melhor: significa libertar-se. Ou melhor: significa ser indestrutível. Ou melhor ainda: significa ser.
Esta sobreposição de ideias de Franz Kafka indica quatro conceitos fundamentais para a arte de viver:
• Crer. Se confiarmos em nossos próprios recursos e na existência em si poderemos viver com sentido e realização.
• Libertar-se. Soltar o lastro de tudo aquilo de que não necessitamos para existir, prescindir das correntes que não se baseiam no afeto ou na cooperação, superar o vício da
opinião dos outros.
• Ser indestrutível. O que habita em nós e não se pode destruir? Talvez a resposta se encontre no provérbio indiano que diz: “Só possuímos aquilo que não se pode perder em um naufrágio.”
• Ser. É o mais importante de tudo, já que a vida é um relâmpago entre as trevas que nos precederam e as que se seguirão a nós. Devemos aproveitar nosso momento de luz.

44 – Ninguém é tão partidário de reformas quanto as crianças.
Kafka teve uma relação muito complicada com os pais, chegando a dizer que tinha a impressão de que eles haviam roubado a felicidade de sua infância.
Embora o autor de O processo jamais tenha constituído família, teve visões como esta:
Casar-se, constituir família, aceitar todas as crianças que venham, dar-lhes apoio neste mundo inseguro e talvez guiá-las um pouco é, tenho certeza, a maior meta a que um ser humano pode aspirar.
Sobre os progenitores que criam os filhos com o desejo de ver seus esforços recompensados, Franz Kafka disse, em 1914:
Os pais que esperam gratidão dos filhos (alguns até insistem nisso) são como agiotas que só arriscam seu capital se recebem altos juros por isso. Afinal, ter filhos significa amar pelo simples fato de amar e entregar a liberdade de viver a outros que nos sucederão.

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