quarta-feira, dezembro 10, 2014

HERMANN HESSE PARA OS DESORIENTADOS - PARTE 17 E 18


17 – Evoque o passado, evoque o futuro: ambos estão em você. Até hoje você foi escravo do seu interior. Aprenda a ser o seu senhor. Isto é magia.

No capítulo anterior falamos do passado que guia nosso presente através de mestres e experiências. Outro guia do ser humano é o futuro que projetamos.
Segundo o mapa que traçamos para nós, nosso presente se orienta de alguma forma. Por mais que alguns acreditem que não fazem planos, é impossível viver sem um norte. O passado é nossa herança, e o futuro, um horizonte que vamos desenhando dia após dia.
Hesse apela à magia para ser “senhor” do passado e do futuro. Traduzindo essa ideia em ações práticas, isso implicaria:
Fazer uma síntese do passado para diferenciar os acertos dos erros, aprendendo com os primeiros e evitando os segundos. Planejar o futuro de forma entusiasmada, mas realista, estabelecendo metas a curto, médio e longo prazos. Aproveitar o dia de hoje. Podemos estabelecer como objetivo diário fazer alguma coisa, uma única coisa todos os dias, que nos aproxime daquilo com que sonhamos. Isto é magia. 

18 – Todo indivíduo deve alguma vez dar o passo que o afasta de seu pai, de seus mestres; todo indivíduo deve experimentar a dureza da solidão, apesar de a maioria das pessoas possuir pouca capacidade de resistência e voltar logo ao seu refúgio.

Em geral, dizia Jiddu Krishnamurti, “aprendemos com o estudo, os livros, a experiência, ou quando nos educam. São os meios habituais de aprender. Aprendemos de
cor o que devemos fazer, o que devemos pensar ou não pensar, como sentir, como reagir”.
A educação nos dá conhecimentos específicos para passar numa prova; o que não significa que aprendemos o essencial para viver.
Os pais nos educam em valores, em hábitos e também em ideias: as deles. Tanto os mestres quanto os pais têm certeza de seus ensinamentos. Só que mais cedo ou mais tarde devemos descobrir o que pensamos, qual é nossa visão das coisas e quais são as nossas prioridades.
No momento em que nos desprendemos desse roteiro que nos ensinaram começa nosso caminho em direção à realização.
Sem ter a quem seguir, a quem consultar, nos vemos obrigados a decidir e a nos definir. Nossa felicidade deixa de depender dos outros para ser responsabilidade nossa. E isso é ótimo.
Deixamos de ser crianças, discípulos e nos separamos dos que nos conduziram até aqui. Já não somos mais um prolongamento de ideias alheias, conquistamos nossa liberdade.
Krishnamurti assegura que “um homem dotado de conhecimentos, de ensinamentos, agoniado pelas coisas que aprendeu, jamais é livre. Pode ser extraordinariamente erudito, mas acúmulo de conhecimentos o impede de ser livre; portanto, é incapaz de aprender”.
Livrar-se desse grande volume de informações que foram acumuladas durante toda a vida, libertar-se do que foi aprendido –mas não da capacidade de aprender – nos permite avançar.
Embora seja mais cômodo seguir o caminho já pautado, nenhum ser humano se conhece profundamente até se equivocar por si mesmo.
Em um célebre momento do filme Sociedade dos poetas mortos, o professor discursa aos seus alunos: “Todos necessitamos ser aceitos, mas devem entender que suas convicções são suas, pertencem a vocês (…), embora todo mundo diga que não é bem assim. Quero que encontrem o seu próprio caminho.”

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