83 – A mediação da serpente foi necessária: o mal pode seduzir o homem, mas não pode se transformar em homem.
Um conto popular narra a história de um homem que caminhava havia dias sob o sol quente do verão quando foi assaltado. Os ladrões levaram as poucas moedas que tinha e a comida que restava em sua bolsa de couro.
Ele continuou a caminhar, na esperança de encontrar alguém que o ajudasse. Quando a fome começava a cravar as unhas no seu estômago, divisou ao longe uma macieira. Aproximou-se e observou que havia apenas um fruto maduro. Quando estava prestes a pegar a maçã, apareceu um velho pastor.
– Essa fruta lhe custará muito caro – disse ao caminhante. – Seu dono lhe dedicou todo o cuidado durante seu amadurecimento, pois a última maçã madura da árvore é para alguém muito especial.
O homem respondeu que tinha fome e que havia sido roubado.
– Pegar esta maçã o tornaria um ladrão, tal como aqueles que o roubaram. Acha que vale a pena pagar esse preço?
Pesaroso, o homem compreendeu e seguiu seu caminho. O velho, então, o chamou:
– Espere! Esqueceu sua maçã.
O caminhante o olhou com incredulidade, e o pastor esclareceu:
– Você é a pessoa especial para a qual esta maçã cresceu, aquela que não se atreveria a arrebatá-la.
84 – As diferentes formas de desespero são etapas distintas de um mesmo caminho.
A esperança é um estado de espírito que devemos cultivar nesses tempos de dificuldades e confusão.
O pensador espanhol Miguel de Unamuno disse que sempre há um motivo para se ter esperança, “mesmo estando nas mais obscuras aflições, pois das nuvens negras cai água limpa e fecunda”.
Sobre este assunto, o dramaturgo belga Maurice Maeterlinck fez uma interessante reflexão: “A desesperança se baseia no que sabemos, que é nada, enquanto a esperança se baseia no que não sabemos, que é tudo.”
Quando nos desesperamos, sentimo-nos vazios, sem ideias nem planos para seguir adiante. A esperança, por outro lado, logo arranja soluções para a situação em que nos encontramos.
Mesmo que seja só por isso, vale a pena acender uma luz na escuridão.
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