quinta-feira, outubro 30, 2014

NIETZSCH PARA ESTRESSADOS DE ALLAN PERCY - PARTE 76 E 77

76 – Uma alma delicada se sente mal quando sabe que receberá agradecimentos. Uma alma grosseira se sente mal quando sabe que precisa agradecer a alguém

Quando praticamos a gratidão, reconhecemos os benefícios recebidos e procuramos devolver à vida algo que ela nos deu.
Uma forma de fazer isso é usando as palavras. No poema “Prazeres”, Bertolt Brecht fez sua lista de agradecimentos baseada em deleites cotidianos:
O primeiro olhar pela janela ao despertar
O velho livro que volto a encontrar
Rostos entusiasmados
Neve, a mudança das estações
O jornal
O cachorro
A dialética
Tomar banho, nadar
Música antiga
Sapatos confortáveis
Entender
Música nova
Escrever, plantar
Viajar, cantar
Ser amável.
Como exercício para perceber e agradecer a magia da vida, crie sua lista de maravilhas e pendure-a em um lugar visível da casa, para que não se esqueça das dádivas recebidas.
E procure renová-la a cada mês com os outros prazeres que tiver incorporado à vida cotidiana.

77 – Não se pode odiar enquanto se menospreza. Não se pode odiar mais intensamente um indivíduo desprezado do que um igual ou superior

Diz uma antiga lenda chinesa que um discípulo perguntou ao mestre:
– Qual é a diferença entre céu e inferno?
E o mestre respondeu:
– É muito pequena e, no entanto, tem grandes consequências. Venha, vou lhe mostrar o inferno.
Entraram em uma casa onde havia algumas pessoas sentadas ao redor de uma grande panela de arroz. Todas estavam famintas e desesperadas. Cada uma delas tinha uma colher presa pela ponta do cabo à mão, que chegava até a panela. Mas os cabos eram tão compridos que elas não podiam levar as colheres à boca. O desespero e o sofrimento eram terríveis.
 Venha – disse o mestre, passado um instante. – Agora vou lhe mostrar o céu.
Entraram em outra casa, idêntica à primeira. Ali também havia uma panela de arroz, algumas pessoas e as mesmas colheres compridas, mas todos estavam felizes e alimentados.
– Não entendo – disse o discípulo. – Por que estão muito mais felizes que as pessoas da outra casa, se têm exatamente o mesmo?
– Não percebeu? – sorriu o mestre. – Como o cabo da colher é muito comprido, é impossível levar a comida à própria boca com ela. Mas aqui eles aprenderam a alimentar uns aos outros.

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