domingo, junho 01, 2014

KAFKA PARA SOBRECARREGADOS - DE ALLAN PERCY - PARTE 27 E 28



27 – Há dois pecados capitais no homem, dos quais se originam todos os demais: a impaciência e a indolência.

Já falamos anteriormente sobre a impaciência, que o próprio Kafka explica por meio desta parábola, que também inclui a ideia da indolência:
Foi por causa da impaciência que o ser humano foi expulso do paraíso, ao qual não pode voltar por culpa da indolência. Embora, talvez, o único pecado capital seja a impaciência. A impaciência fez com que o expulsassem, e é por causa dela que ele não regressa.
Vejamos por que a impaciência nos impede de voltar ao paraíso, qualquer que seja ele:
–A impaciência nos faz pensar em objetivos de curto prazo, o que só nos permite resultados de pior qualidade e de menor duração. Os paraísos a que a impaciência nos leva são falsos.
–A pressa nos impede de desfrutar da viagem que nos conduz aos nossos objetivos – viagem esta que deveria ser mais prazerosa que o destino em si.
–A impaciência aumenta a afobação e, consequentemente, a quantidade de erros que cometemos. O que leva também a aumentar o tempo que gastamos para corrigi-los.

28 – A verdade é sempre um abismo.

Franz Kafka utilizava a IMAGEM de uma piscina para falar sobre a verdade. Aqueles que buscam a verdade devem abandonar a superfície da experiência cotidiana para submergir nas profundezas. Após esse mergulho, “rindo e lutando por ar, voltamos à tona, à então duplamente iluminada superfície das coisas”.
Desta reflexão deduzimos que a verdade é algo difícil de extrair, mas que ilumina os que vão em seu encalço até as profundezas do abismo.
O que podemos encontrar se mergulharmos na verdade?
–Sonhos e motivações que enterramos sob o peso das obrigações e da rotina.
–Prioridades que não estamos atendendo porque as urgências consomem todo o nosso tempo e todas as nossas energias.
–Um espelho do que somos e do que estamos fazendo.
Para mergulharmos na piscina da verdade, podemos praticar meditação ou simplesmente arranjar tempo para, em silêncio, prestar atenção ao que está acontecendo em nossa vida.


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