23 – Como um caminho no outono: assim que é varrido, volta a cobrir-se de folhas secas.
Um antigo conto zen fala de um monge que tinha a obrigação de varrer as folhas do pátio do mosteiro. Como cada vez que ele terminava sua tarefa aparecia uma nova folha trazida pelo vento, ele adquiriu o hábito de sempre deixar uma no chão, para que não tivesse de sofrer por isso.
Esta breve história é uma alegoria perfeita sobre os problemas. Costumamos sofrer mais pelo medo das atribulações do que pelas atribulações propriamente ditas, pois nem sempre elas acontecem de fato.
Como um monge que deseja manter o chão sempre imaculado, aspirar a uma vida sem dificuldades é um grande sofrimento, pois a ausência de complicações não é algo natural.
O diretor de cinema Woody Allen expressou muito bem essa ideia: “A melhor maneira de ser feliz é gostar de seus problemas.” Ele tem toda a razão, porque problemas nunca irão nos faltar, assim como as folhas secas no pátio do monge.
24 – A desgraça de Dom Quixote não era suas fantasias, mas o ceticismo de Sancho Pança.
A que Kafka se refere com este aforismo? Claramente à capacidade de Sancho Pança de desfazer – ou pelo menos tentar desfazer – os sonhos e as fantasias de seu senhor, Dom Quixote.
O célebre escudeiro do romance de Miguel de Cervantes é realista e sentencioso, não para de recorrer à sabedoria popular, ao status quo, à maneira como as coisas sempre foram.
Na realidade atual, Sancho Pança se assemelha aos vampiros de energia que desejam nos convencer de que nossos sonhos não podem ser concretizados e que nem sequer vale a pena tentar realizá-los. Esses especialistas em dinamitar projetos alheios costumam ser acomodados e não suportam que os outros cheguem aonde eles não se atrevem a se aventurar.
Qualquer pessoa que acredite em seus sonhos deve se afastar desses pessimistas agourentos que não têm uma única palavra de incentivo a oferecer.
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