terça-feira, março 25, 2014

PROPOSTA - PARTE 53 E 54 - DE ALLAN PERCY,DO LIVRO: OSCAR WILDE PARA OS INQUIETOS


53 – É monstruosa a forma como as pessoas criticam as outras pelas costas, dizendo coisas absoluta e completamente verídicas.
Esse pensamento de Oscar Wilde é uma poderosa maneira de nos blindarmos contra as críticas que tanto nos ferem. Dividimos nosso tempo e nosso espaço com pessoas muito diferentes de nós. Isso em si já é uma garantia de que alguns de nossos atos não serão compreendidos.
As pessoas hipersensíveis acabam por agravar os atritos comuns do dia a dia. Segundo a terapeuta Marina B. Rolandelli, esse problema tem origem na infância e se intensifica ao longo das diferentes etapas da vida:
Quando criança, o hipersensível constrói um mundo de fantasias porque percebe uma realidade que o fere e lhe provoca angústia e medo. Na adolescência, sente-se incompreendido e sozinho porque não encontra com quem compartilhar suas emoções. Na maturidade, ele também sofre nos relacionamentos amorosos: nunca está satisfeito com as demonstrações de afeto do outro, mostra-se inseguro, monopolizador, carente e ciumento. Um pouco da atitude autossuficiente de Oscar Wilde serve para estabelecer uma distância segura entre nós e as opiniões alheias, permitindo-nos assim que vivamos mais tranquilos.


54 – O mundo é um palco, mas seu elenco é um horror.
No dia a dia, muitas vezes nos vemos obrigados a representar papéis diferentes em função do lugar e da situação em que nos encontramos: acalmar um cliente aborrecido não é o mesmo que conversar com o funcionário da mercearia do bairro ou almoçar com os colegas de trabalho.
Quando nos sentimos atores no grande cenário do mundo, podemos pôr em prática o método do grande ator e diretor russo Stanislavski, que se baseia na assimilação do personagem representado.
Esse mestre da interpretação aconselhava o ator a não imitar os gestos do avarento, mas sim a sentir a avareza dentro de si, porque dessa maneira sua atuação seria perfeitamente natural e convincente.
Como na complexidade do cotidiano somos obrigados a representar muitos papéis, é necessário que “entremos” neles para que o espetáculo da vida flua.
Se atuarmos de fora, sem captar a essência do personagem, só conseguiremos o que Stanislavski dizia aos seus alunos:
“Não acreditei, você não me convenceu.”

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