segunda-feira, dezembro 26, 2011

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA





A prática da leitura se faz presente em nossas vidas
desde o momento em que começamos a "compreender"
o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar
e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de
 perceber o mundo sob diversas perspectivas, de
 relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, 
no contato com um livro, enfim, em todos estes casos
 estamos, de certa forma, lendo - embora, muitas vezes,
 não nos demos conta.

A atividade de leitura não corresponde a uma
 simples decodificação de símbolos, mas significa,
 de fato, interpretar e compreender o que se lê.
 Segundo Angela Kleiman, a leitura precisa permitir
 que o leitor apreenda o sentido do texto, não
 podendo transformar-se em mera decifração 
de signos linguísticos sem a compreensão semântica 
dos mesmos.

Nesse processamento do texto, tornam-se 
imprescindíveis também alguns conhecimentos 
prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem 
ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais,
 que englobam o conjunto de noções e conceitos
 sobre o texto; e os de mundo, que correspondem
 ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória,
 ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada,
 esses diversos tipos de conhecimento estão em interação.
 Logo, percebemos que a leitura é um processo interativo.

Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio 
de mundo para a compreensão da leitura, podemos
 inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. 
Conforme afirma Leonardo Boff,cada um lê 
com os olhos que tem. E interpreta onde os
 pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. 
Para entender o que alguém lê, é necessário saber como
 são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz 
da leitura sempre um releitura. [...] Sendo assim, fica
 evidente que cada leitor é co-autor.

A partir daí, podemos começar a refletir sobre o
 relacionamento leitor-texto. Já dissemos que ler é,
 acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, 
além dos já referidos processamento cognitivo da leitura
 e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que
 o leitor esteja comprometido com sua leitura.
 Ele precisa
 manter um posicionamento crítico sobre o que lê, 
não apenas passivo. Quando atende a essa necessidade, 
o leitor se projeta no texto, levando para dentro
 dele toda sua vivência pessoal, com suas emoções, 
expectativas, seus preconceitos etc. É por isso que 
consegue ser tocado pela leitura.

Assim, o leitor mergulha no texto e se confunde com ele,
 em busca de seu sentido. Isso é o que afirma 
Roland Barthes, quando compara o leitor
 a uma aranha:
[...] o texto se faz, se trabalha através de um
entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido
 - nessa textura -, o sujeito se desfaz nele,
 qual uma aranha que se dissolve ela 
mesma nas secreções construtivas de sua teia.

Dessa forma, o único limite para a amplidão da leitura
 é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói 
as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se
 revela como uma atividade extremamente frutífera 
e prazerosa. Por meio dela, além de adquimirmos mais
 conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior 
capacidade de diálogo e nos prepara melhor para
 atingir às necessidades de um mercado de trabalho 
exigente -, experimentamos novas experiências, ao
 conhecermos mais do mundo em que vivemos e
 também sobre nós mesmos, já que ela nos leva
 à reflexão.

E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir
 as portas de sua percepção. Quando movido por
 curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto 
a estar no mundo, capaz de compreender até as 
entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em 
que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo
 e seu horizonte de expectativas.

Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e 
essencial instrumento libertário para a sobrevivência
 do homem.

Há entretanto, uma condição para que a leitura
 seja de fato prazerosa e válida
 o desejo do leitor. 
Como afirma Daniel Pennac,
 "o verbo ler não suporta o imperativo".
 Quando transformada em obrigação, a
 leitura se resume a simples enfado. Para suscitar
 esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac 
prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolhe
o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, 
ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos,
 o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e 
valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo 
indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai 
e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele,
 por sua vez, não deseja desprender-se.
Maria Carolina
Professora de Língua Portuguesa e
 Redação do Ensino Médio.

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