A maioria dos profissionais que se formou nas quatro últimas décadas passou por escolas de Magistério que privilegiaram o ensino conteudista em detrimento de uma formação humanista que favorecesse a crítica e a criação. A escola, esteve afastada do convívio com um entorno cultural variado - no qual a literatura tem papel determinante,essencial para formação do ser humano. A escola brasileira e as próprias bibliotecas,não foram alimentadas com a variedade e a riqueza do conhecimento humano artístico e científico produzido no Brasil e no mundo e que está nos livros. A maioria dos cursos de Formação de Professores não desenvolveu, com a atenção e o aprofundamento que a profissão exige, as capacidades de leitura e de escrita desses professores, privando os alunos do direito a uma formação cultural consistente.O professor tem em suas mãos a tarefa de propor ao aluno situações de aprendizagens para (re) construção do conhecimento. A literatura infantil é um instrumento que contribui para elaboração destas situações. Sendo assim, é importante que ele tenha conhecimentos sobre este elemento tão importante e também saiba como utilizá-lo de forma que se preserve a função real da literatura.
Assim convém ao professor estabelecer critérios para a seleção do livro a ser trabalhado em sala de aula. Ele deve estar atento à escolha do texto e sua adequação ao leitor considerando sua qualidade estética e não veiculando ela apenas ao ensino de regras gramaticais ou normas de obediência. As crianças necessitam ler bons textos para compreenderem a literatura como um meio de pensar a realidade e não de apenas vê-la como algo imutável, com regras a serem obedecidas. E, enxergar estes textos com um elemento que não traz o ensino da língua como um único fim. Além da qualidade estética, deve-se considerar o aspecto inovador da obra, assinalando aquilo que vivemos, mas desconhecemos. É necessário escolher um livro que faça nascer uma relação entre ele e a criança, que dificilmente será rompida com o passar do tempo.
Estes critérios não são uma maneira de estar trabalhando determinados gêneros literários, e sim de dar abertura à criança para se envolver com aqueles que teriam mais afinidade. Cabe ao professor oferecer estes diferentes gêneros como os contos de fadas, fábulas, lendas, poemas e outros.
É importante lembrar que vários livros trabalham valores inversos a estes, e que é interessante confrontá-los para se perceber a coerência de determinados aspectos com a realidade existencial. E o gênero literário pode ajudar neste trabalho, retratando a essência da função dos textos literários.
Um elemento essencial na formação da criança é a LEITURA.
Ler é o que proporciona, ao longo de nossa existência, as condições para o crescimento do homem. Sendo assim reforçamos a ideia de que a leitura, conforme estes gêneros, deve ser vista, vivida, falada, ouvida, contada.
Trabalhar com a literatura infantil na escola é abrir as cortinas do mundo para uma platéia de seres que buscam a construção do ser como sujeitos de uma sociedade.
Cabe ao professor deixá-los sedentos de descobertas. Através da leitura como fruição haverá a reflexão, e por fim a aprendizagem. A literatura infantil fará com que essa aprendizagem sirva para a constituição de sujeitos que simplesmente não pertençam a uma sociedade, porém a questiona e a transforma.
O professor precisa ler para que seus alunos possam ser possuídos pelo texto e assim se apaixonem pela literatura infantil. A escola, representada na sala de aula pela sua pessoa, tem essa responsabilidade: de fazer os alunos se apaixonarem não só pela literatura, mas também pela leitura.
Ao trabalhar projetos que privilegiem a literatura infantil nas escolas, possibilitamos a emancipação do ser pelo saber, rompendo a idéia que deu origem à escola e á literatura: a manipulação deste mesmo ser.
Portanto, devemos esquecer o trabalho com fichamentos, a interpretação com perguntas e respostas, pois estaremos matando o gosto pela leitura.
“ A escolha do livro pelo próprio leitor é, inicialmente, um bom começo para construir uma relação entre ambos. Os fichamentos não são a única forma de avaliar o rendimento do aluno quanto a leitura, que por sua vez deve ser tomada como um conteúdo para trabalhar na escola. Assim, avaliar o rendimento da leitura é inútil enquanto não temos alunos que encontrem o prazer no ato de ler. Os livros não podem servir de pretexto para uma simples avaliação”.
E para que seja descoberto este prazer podemos usar os contos de fadas, contos maravilhosos, jocosos, acumulativos, as fábulas, os poemas, lendas, mitos, alegorias e até histórias em quadrinhos. Com este repertório, podemos oferecer à criança conhecimentos sobre os diferentes tipos de textos, e escolherá ler aquele que terá mais afinidade, espontaneamente, pois um leitor se forma de diferentes maneiras.
Neste sentido cabe ainda discutir: se tanto precisamos fazer pela construção do leitor considerando a literatura infantil como um caminho a ser usado pela escola, qual deve ser a formação do professor?
Usar a literatura infantil na escola pede que se tenha um professor com os conhecimentos necessários para trabalhar em sala de aula com as crianças. Eles precisam, em sua formação inicial e também continuada, de possibilidades que demonstrem como usar a literatura em função da formação do ser.
A literatura infantil na escola possibilita que se faça cumprir o ideário de educação tão comentado na atualidade: a transformação. A escola necessita de elementos que façam cumprir este ideal. Sendo assim, pode contar com a principal função da literatura infantil: refletir sobre a realidade, desmontando-a e remontando-a na busca da formação de opiniões críticas que questionem a situação real em que se vive.
Assim podemos concluir que além de haver um novo caminho a ser seguido pela escola, estará se rompendo a concepção tradicional de educação. O ser humano terá na escola o movimento que contribuirá efetivamente com seu processo de humanização e hominização.
Isso é possível através da íntima relação existente entre a literatura e a leitura. Esta relação é um caminho que ajuda a garantir aspectos importantes para formação do leitor, segundo Zotz:
“O acesso à leitura como direito de todos, como processo contínuo de aprendizagens, como formador de seres pensantes e como lazer”
Os educadores devem estar atentos à diversidade de obras dirigidas ao público infanto juvenil com o intuito de despertar o prazer pela leitura. Uma criança de pré-escola, por exemplo, gosta de histórias bem ilustradas, interativas em que possam dar asas à imaginação. Já os adolescentes preferem livros de suspense, romance, ação. É importante o educador conhecer os diferentes gêneros e gostos para então poder sugerir. Por isso a importância de se conhecer os diferentes gêneros literários que irão contribuir para a formação desse leitor.
LER É MUITO BOM!!!
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